A nova diretoria do Sindicato dos Arquitetos do Distrito Federal (Sinarq-DF) tomou posse na última sexta-feira (8/9) para o mandato 2017-2020. A chapa eleita, Arquitetos em Luta, é composta por arquitetos e urbanistas atuantes no serviço público, no ensino superior, em escritórios privados, bem como por profissionais autônomos. O grupo estabeleceu quatro eixos principais de ação. Um deles é fazer a defesa dos arquitetos e urbanistas nesse momento de ruptura política e de ataque aos direitos trabalhistas. Outro é ampliar a assistência aos filiados, além de valorizar a inserção do arquiteto em seu lugar social próprio, estimulando a diversificação de perfis profissionais. Por último, a nova gestão almeja reforçar a presença de arquitetos e urbanistas nas instâncias públicas de planejamento urbano e territorial. O Sindicato tem hoje 1,2 mil sindicalizados.
A representante da diretoria anterior, arquiteta Elza Kunze – presente no Sindicato desde sua criação – afirmou que a atuação sindical implica “extrema luta”, demandando muito envolvimento pessoal dos dirigentes, ressaltando as diversas frentes de atuação do sindicalista, desde a formulação de políticas públicas até a rotina de atendimento de casos trabalhistas.
Nova conjuntura, novos desafios
O coordenador da nova diretoria do Sindarq-DF, Danilo Matoso Macedo, ressaltou que este é um momento da história do país em que “todos os trabalhadores, e os arquitetos não são exceção, estão sendo atacados em seus diretos”. O dirigente reforçou que “as portas do Sindicato estão abertas a todos aqueles que desejem participar”.
Já Nirceu Cavalcanti, diretor sindical, acrescentou que é justamente a conjuntura política o que vem estimulando as pessoas a buscar se informar melhor sobre seus direitos e benefícios como trabalhadores. A também diretora sindical, Ilva José Alves, acredita que “em tempos de crise, onde o trabalhador se sente mais agredido, é quando ele busca as entidades de classe de um modo geral, em especial o sindicato”. Para ela, esse “é um momento propício para que o sindicato cresça e se torne mais sólido”.
O arquiteto Celso Nigro Engracia de Oliveira, membro do Conselho Fiscal, falou sobre o “peso maior do servidor público” no Distrito Federal, em que diversos direitos retrocedem à década de 1930, em que se ameaça até mesmo a estabilidade dessa categoria.
A diretora de Políticas Públicas, Letícia Miguel, disse que a atual gestão vai buscar “trabalhar com outras entidades, como o IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil) e o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil), de modo a lidar com os desafios colocados pela nova legislação”.
Confira a composição da nova diretoria do Sinarq-DF:
Diretoria Colegiada
Angelina Nardelli Quaglia
Danilo Matoso Macedo
Helaine Coutinho Cardoso
Ilva José Alves
Letícia Miguel Teixeira
Luciana Jobim Navarro
Marina Amorim Cavalcanti de Oliveira
Nirceu Werneck
Conselho Fiscal
Titulares
Celso Nigro Engracia de Oliveira
Fabrício Chagas Dunice
Helvio Franco da Silva
Suplentes
Carolina Baima Cavalcanti
Eduardo Gaulitchi Freitas
George Alex da Guia
Conheça o programa proposto com a chapa Arquitetos em Luta:
1. Em defesa dos arquitetos e urbanistas neste momento de ruptura política e de ataque aos direitos trabalhistas
O golpe de Estado em curso tem dentre seus objetivos principais o ataque aos direitos da classe trabalhadora, em que se inserem os arquitetos e urbanistas. Esta conjuntura demanda a reorganização da categoria e o fortalecimento de seus instrumentos de luta.
Propõe-se um sindicato que trave seu combate na assistência aos filiados; na participação nos conselhos profissionais e demais instâncias deliberativas que lhe cumprem; na reivindicação de seu papel de promotor da cultura arquitetônica; na ampliação dos campos de atuação profissional da categoria; e na garantia de seus direitos em disputas específicas, como a ação junto a órgãos públicos e empresas com arquitetos e urbanistas em seus quadros – incluindo aqueles que trabalham como professores.
2. Assistência aos filiados
Como parte de suas atividades primordiais, o Sinarq deve buscar ampliar o número de filiados, bem como prover, de modo franco e acessível, assistência jurídica e contábil a seus filiados, ampliando-se ainda convênios com planos de saúde.
Além disso, observando-se a maioria feminina de arquitetas e urbanistas, cabe ao sindicato priorizar políticas de redução da desigualdade de gênero, sobretudo com a celebração de convênios com creches que atendam às especificidades de horários da profissão, bem com a valorização de trajetórias individuais de mulheres.
3. Valorizar a inserção do arquiteto em seu lugar social próprio, estimulando a diversificação de perfis profissionais
A formação ampla garantida ao arquiteto e urbanista habilita-o à ação nas mais diversas frentes de trabalho, incluindo, por exemplo, a carreira docente ou o auxílio ao setor do Turismo. Em Brasília, especificamente, o grande número de trabalhadores do serviço público gera um campo profissional singular, em relação a outros centros urbanos do país.
Dentre os arquitetos-projetistas, porém, é comum a restrição do campo profissional a edifícios destinados a instituições e camadas sociais restritas – muitas vezes estranhas ao próprio profissional.
Enquanto isso, três quartos de nossas cidades são constituídos de pequenas edificações, carentes de qualquer planejamento. Estas camadas sociais necessitam de profissionais capazes de projetar, orçar e construir seus bairros. É necessário criar instrumentos de formação técnica complementar, de circulação cultural e de inserção profissional para que este mercado floresça. Nesse sentido, são objetivos dessa gestão:
- A promoção de cursos de especialização e formação complementar em parceria com as demais entidades e com instituições de ensino;
- A edição Publicações técnicas especializadas;
- A promoção de mostras de arquitetura e urbanismo;
- A criação de escritórios para jovens arquitetos em zonas periféricas, por meio da lei de Assistência Técnica Profissional;
- A criação de agência de colocação;
- O incentivo à realização de concursos de arquitetura para a contratação de projetos pela Administração Pública.
4. Reforçar a presença dos arquitetos e urbanistas nas instâncias públicas de planejamento urbano e territorial
Em que pese a ampla presença de técnicos na Administração Pública, muitas vezes as decisões sobre o planejamento urbano e territorial são tomadas em colegiados compostos exclusivamente por setores economicamente privilegiados, reforçando o caráter originalmente segregacionista da configuração urbana do Distrito Federal.
É necessário reforçar a presença do arquiteto nestas instâncias decisórias na condição de representante da classe trabalhadora, como um promotor de políticas urbanas de redução da desigualdade social.