A Biblioteca Parque Villa-Lobos (BVL), localizada na zona oeste de São Paulo, é uma das cinco finalistas do Prêmio Biblioteca Pública do Ano 2018, promovido pela Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA), a principal entidade internacional da área. Entre os critérios considerados na premiação, estão interação com o entorno, programação de serviços e atividades, qualidade arquitetônica, flexibilidade, sustentabilidade, espaço de aprendizagem e digitalização.
Inaugurada em 2014, a BVL é uma instituição da Secretaria da Cultura do Estado de sSão Paulo, gerida pela organização social SP Leituras. Foi indicada “por ter um ambiente claro e aberto, o que a torna um local atraente para se passar tempo, e por ser uma biblioteca muito ativa, com design de interiores e arquitetura que possibilitam a realização de diversas atividades”, de acordo com o site da IFLA. A biblioteca fica dentro do Parque da Juventude, complexo de lazer construído no local que abrigou a penitenciária do Carandirú. Na área onde está localizada, havia antes um depósito de lixo a céu aberto.
O pavilhão de concreto, aço e vidro foi projetado pelo arquiteto Decio Tozzi. Os interiores foram criados pelos arquitetos Dante Della Manna, Antonio Mantovani, Fabio de Bem (coordenador) e Bruna Bianchini Cicarelli (colaboradora), da DM/AM Arquitetura, e o projeto de comunicação visual ficou a cargo do arquiteto Marcelo Aflalo.
De acordo com a DM/AM Arquitetura, a construção ocupa 4.475 metros quadrados. A fachada é livre e composta por grandes terraços envoltos por espelhos d’água, que conectam o interior da biblioteca com a natureza. O interior, com pé direito duplo e grandes aberturas, é protegido por esquadrias de vidro transparente, que permeiam a luz natural nos ambientes.
No térreo, no meio do pavilhão, chama atenção uma grande praça circular de madeira com pufes e almofadas. Sob o espaço, onde os visitantes podem ler, descansar ou acompanhar narrações de estórias, uma estrutura em formato de flor semitransparente filtra a luz solar direta. O térreo abriga ainda espaços de atividades infantis, brinquedoteca, espaço jovem, café e auditório. No primeiro andar, há salas para workshop e ambientes de leitura para adultos. O segundo andar é ocupado por salas de exibição, espaço criativo (incluindo sala de culinária), área de leitura para idosos, sala de literatura adulta e a parte administrativa.
Com a proposta de ser uma “biblioteca viva”, a instituição oferece uma diversidade de atividades voltadas para a aproximação das pessoas com o mundo da cultura, como oficinas, cursos, saraus, clube de leitura, palestras, debates, exposições, apresentações musicais e teatrais. A entrada é livre (não é necessário apresentar carteirinha), e o acervo fica quase todo à mostra, em prateleiras abertas. Também estão à disposição dos visitantes computadores e um acervo de DVDs.
A acessibilidade é um dos diferenciais do local. Pessoas com deficiência visual, auditiva ou locomotora têm acesso a todos os ambientes e ao acervo, com auxílio de equipamentos especializados e funcionários treinados. Entre os aparelhos de tecnologia assistiva disponíveis, estão folheador de páginas, mesa ergonômica, leitora autônoma, reprodutor de áudio, régua braile, teclado e mouse adaptados, computador com leitor de tela e ampliador de caracteres, além de livros falados, audiolivros e acervo em braile, de acordo com a Secretaria da Cultura de São Paulo.
Na busca do prêmio da IFLA, a BVL concorre com instituições da Noruega, da Holanda, de Cingapura e dos Estados Unidos – foram avaliadas 35 candidatas de 19 países. A biblioteca vencedora será anunciada durante encontro internacional da IFLA em Kuala Lumpur, em 28 de agosto, e receberá US$ 5 mil.
Fotos: Nelson Kon