Na data em que se comemora o Dia Mundial das Cidades (31 de outubro), arquitetos e urbanistas têm grandes desafios pela frente no Brasil. Apesar dos avanços obtidos nas últimas décadas em habitação popular e urbanização, nossos conglomerados urbanos seguem carecendo de políticas públicas eficientes. Na tentativa de alertar para a importância do papel do urbanismo como agente de inclusão social e do planejamento das cidades ao redor do mundo, a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs como assunto central dos debates deste ano “Governança Inovadora, Cidades Abertas”. O tema, argumenta o presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Cicero Alvarez, é extremamente pertinente em um momento em que o Brasil está entregue a novos gestores que prometem arrocho nas políticas públicas voltadas às classes menos favorecidas. “Considerando as falas pregressas do presidente eleito sobre planos de extinção do Ministério das Cidades, invasão de terras indígenas e abandono de reservas, interesse de criminalização de movimentos sociais e ativismo e que o exército está envolvido, o que temos é uma posição que me deixa extremamente receoso”, alertou o arquiteto e urbanista. Segundo ele, o que se avista é uma gestão alinhada com o governo Michel Temer, inclusive, com manutenção de parte da equipe da área econômica. “Esse é um caminho que criminaliza e segrega uma grande parcela da população na medida em que tira ou precariza direitos básicos como habitação, saúde, educação e segurança”.
Questionado sobre o que a sociedade pode fazer para garantir seus direitos democráticos assegurados, ele foi enfático: “Temos que tentar trazer razão para a discussão, tentar fazê-los entender que é melhor para todos se as pessoas forem integradas. Caso contrário, nos levará a um caminho de violência muito grave”, pontuou. O presidente da FNA ainda ressaltou que é inadmissível que se vitimize os mais pobres em uma política que “penaliza aqueles que já são penalizados pela sociedade”. “Nosso papel é tentar explicar que a atitude mais razoável para a segurança de todos é se as pessoas tiverem condições mínimas de educação, segurança e saúde”.
A posição é compartilhada pela vice-presidente da FNA, a arquiteta e urbanista Eleonora Mascia. “Agora precisamos continuar unidos. A sociedade deve estar organizada. As pessoas precisam procurar suas representações, suas entidades e seus sindicatos para se mobilizar. Isso será necessário para tentar evitar o desmonte de todos os direitos que, a duras penas, conquistamos”.
O Dia Mundial das Cidades, criado em Assembleia Geral da ONU, foi comemorado pela primeira vez em 2014. Segundo a ONU, a temática de 2018 visa “destacar o papel importante da urbanização como uma fonte de desenvolvimento global e inclusão social”. O objetivo do Dia Mundial das Cidades é promover o interesse da comunidade internacional na urbanização global, impulsionar cooperação entre países para aproveitar oportunidades e abordar desafios da urbanização e contribuir para um desenvolvimento urbano sustentável em todo o mundo.
Com informações Agência Brasil
Crédito da foto: Carolina Jardine