Fortalecer o vínculo dos sindicatos com a comunidade e com os arquitetos e urbanistas foi o foco apresentado na noite desta sexta-feira (26/11) no último encontro de apresentação de Experiência Sindicais do 45º ENSA. Representando o Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas no Estado do Rio de Janeiro (SARJ), a arquiteta e urbanista e diretora executiva, Juliana Rodrigues Braga de Almeida, citou a ação do sindicato para levar a arquitetura aos territórios populares da cidade. Segundo ela, é essencial mostrar às comunidades o que faz o profissional e o impacto do trabalho do arquiteto e urbanista nas cidades. “O que nos falta é o diálogo das regiões periféricas e suburbanas. Precisamos explicar porque a arquitetura é importante, como funciona e assim a gente consegue agir”, citou, comparando esse esclarecimento com uma consulta médica.
Juliana mencionou que faltam políticas públicas que permitam assessorar essa fatia da população que paga caro pela construção civil mesmo sem condições para isso. “Os projetos são feitos mais para os arquitetos do que para as pessoas. Precisamos repensar a maneira como estamos fazendo arquitetura.”
O presidente do SAERGS, Evandro Babu Medeiros, pontuou que a diretoria trabalha para buscar viabilidade para o sindicato. “Nossa primeira bandeira para 2022 é viabilizar o sindicato administrativamente, encontrar meios para que os arquitetos possam fazer a gestão do seu sindicato de forma mais fácil.”
Entre as proposições está a revisão do estatuto e campanhas que permitam maior engajamento dos arquitetos e urbanistas em torno do sindicato e, inclusive, campanhas de contribuição. Para 2022, o SAERGS planeja manter sua agenda de eventos, mencionou o vice-presidente do SAERGS, Rodrigo Barbieri.
Desafios na articulação política
O próximo ano deve ser especialmente desafiador para os sindicatos, de acordo com o consultor político Neuriberg Dias do Rêgo, da Contatos, que presta assessoria de assuntos legislativos à FNA. “O pós-pandemia deve trazer de volta toda essa agenda de reformas, principalmente sobre o mundo do trabalho. Como o governo pretende pautar questões como a da terceirização, esta pauta tende a voltar em um pacote de medidas, que pode, inclusive, retomar a discussão sobre pisos salariais e uma flexibilização ainda maior nas relações de trabalho”, apontando a necessidade de um acompanhamento permanente da FNA e seus sindicatos.
O representante regional da Internacional de Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM) para a América Latina, Nilton Freitas, ressaltou que essa articulação e acompanhamento não devem se dar somente para barrar medidas de desregulamentação, mas também para recuperar investimentos e, principalmente, sensibilizar candidatos ao parlamento, à presidência e aos governos estaduais em 2022, ano de eleição.
“Nosso objetivo é montar uma agenda aos candidatos, para que voltem ao orçamento os investimentos para programas habitacionais e de infraestrutura”, disse. O corte de recursos federais em habitação fez com que o orçamento para a área, que teve uma média de R$ 11,3 bilhões anuais de 2009 a 2019, fosse reduzido a apenas R$ 27 milhões em 2021. “Isso gerou um impacto de 350 mil empregos que deixaram de ser gerados. É um drama, mas ainda maior para milhões de pessoas sem moradoia ou em situação de rua neste contexto de pandemia”, analisou.