Exatos 44 anos depois de ter suas portas abertas para abrigar as lutas sindicais dos arquitetos e urbanistas gaúchos, a Casa Amarela do Sindicato dos Arquitetos do Rio Grande do Sul (Saergs) ainda é palco de mobilização da classe. Para comemorar esse símbolo de resistência, lideranças nacionais reuniram-se em ato simbólico com direito a bolo e Parabéns a você. A comemoração ocorreu no último final de semana (08 e 09/04) durante o Ersa Sul, encontro de sindicatos promovido pela Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA).
O casarão na Rua José do Patrocínio, 1197, em Porto Alegre (RS), testemunhou protagonismo dos arquitetos gaúchos nas lutas nacionais por habitação social e democracia. “Dar valor à casa significa dar valor a nossa própria história”, defende o presidente do Saergs, Evandro Babu Medeiros. Foi ali na esquina com a Rua Olavo Bilac, no bairro Azenha, que importantes conquistas foram alcançadas. Entre elas está a Lei Federal 11.888/2008, de Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (ATHIS), elaborada pelas mãos dos líderes sindicais da época, os arquitetos e urbanistas Clóvis Ilgenfritz da Silva e Newton Burmeister.
Ao lado da diretoria do Saergs, Medeiros está empenhado em viabilizar o projeto de restauro do antigo casarão, que, neste ano, completa cem anos. A missão é conseguir recuperar a pintura da fachada e promover benfeitorias internas que levem os arquitetos para dentro do sindicato. “A casa amarela é a casa do Saergs e dos arquitetos gaúchos”, completou Medeiros.
O prédio foi cedido ao sindicato por meio de convênio com a União em 8 de abril de 1978. Logo depois, para ser utilizado, precisou de uma grande reforma, que só foi possível graças ao espírito de colaboração de colegas. O Saergs – que até então atuava em espaço cedido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS) – mudou-se efetivamente para a Casa Amarela em 4 de maio daquele mesmo ano. Segundo Medeiros, a construção representa a importância de a entidade ter um lugar para chamar de seu. “Se a vantagem de ser livre é poder ir para qualquer lugar, a vantagem de ter uma sede é saber onde se encontrar. Assim é o Sindicato que sonhamos, um lugar de encontros e debates, que possam ser úteis aos profissionais”, declara.
A reestruturação das sedes dos sindicatos é uma das bandeiras da FNA. “Em tempos de tanto descaso com os prédios públicos, é muito especial fazer parte dessa comemoração junto ao Saergs. Precisamos lutar para que os Sindicatos consigam ter seus espaços físicos na sociedade”, defende a Secretária de Comunicação e Educação da FNA, Fernanda Lanzarin.