O curso de arquitetura e urbanismo oferece uma formação técnica e artística e reúne tanto disciplinas comuns a cursos de engenharia, como cálculo e resistência de materiais, quanto matérias de história e artes. Mas, se o currículo é eclético, o leque de opções de trabalho não é menos variado.
O aluno de segundo ano da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP (Universidade de São Paulo) Renato Suyana, 21, quer trabalhar com cenografia em cinema. “O arquiteto é muito procurado para atuar na área, graças à forte formação em história da arte e comunicação visual.”
O campo mais tradicional da arquitetura, o de elaboração de projetos de edifícios, é também o mais concorrido, principalmente nas metrópoles brasileiras. Por outro lado, o coordenador do curso da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Nilson Ghirardello, diz que há boas perspectivas de trabalho em cidades de pequeno e médio porte do interior do país: “Muitos dos nossos alunos do interior, quando concluem o curso e voltam para as localidades de origem, acabam se tornando os primeiros arquitetos de suas cidades”.
O coordenador da Câmara de Arquitetos do Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) de Mato Grosso do Sul, Carlos Lucas Mali, realizou em 1998 o 1º Censo Nacional de Arquitetos e Urbanistas, levantando o número de profissionais formados e registrados nos Creas. Ele conclui em novembro próximo a atualização dos dados obtidos anteriormente. “Em 98 havia 76 mil profissionais no país”, diz Mali. Na ocasião, São Paulo era o Estado com maior número absoluto de arquitetos (26 mil), o Piauí era o que tinha menor número de profissionais por habitantes, e o Norte, a região com maior defasagem.
Estudo constante
A inserção da computação no cotidiano da profissão deu-se na última década. “A prancheta, os lápis e os esquadros estão sendo deixados de lado e passa-se a adotar cada vez mais o computador como meio de representação gráfica”, diz Cândida Negromonte, aluna do quarto ano de arquitetura da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e ex-diretora da Fenea (Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo). Por isso mesmo a vice-presidente da Asbae (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), Elizabeth Goldfarb, afirma que é importante que os estudantes tenham familiaridade com softwares específicos da área.
Procurar estágios e continuar estudando são outras dicas de alunos e professores. Para a aluna de quarto ano de arquitetura da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas Flávia D’Andréa, 22, é importante que o estudante seja também um autodidata: “Não se deve esperar apenas da faculdade”. “Ir para a aula e fazer os trabalhos é muito pouco”, diz a estudante do quinto ano da UFPR (Universidade Federal do Paraná) Camila Muzzillo. O secretário-geral do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil) de São Paulo, Marco Fogaccia, também sugere reciclagem constante por meio de pós-graduações.
Áreas em expansão
Para o chefe de departamento de tecnologia da FAU da USP, Marcelo Romero, há demanda por profissionais que saibam escolher os materiais adequados para cada construção. Pesquisador na área de eficiência energética dos edifícios, o professor adverte para a racionalização dos gastos de energia: “As possibilidades de iluminação, de climatização e de ventilação natural são pouco exploradas no país”.
O urbanismo é outra área que tem sido valorizada nos últimos anos. Segundo o conselheiro do Crea, Valter Caldana, a causa disso é a “situação caótica pela qual passam as cidades brasileiras”. Considerado um dos mais importantes arquitetos brasileiros, Paulo Mendes da Rocha acredita no que chama de um “movimento a favor das cidades”. “A cidade é o habitat do homem contemporâneo”, define Rocha.