São Paulo – “Arquitetura é colocar cinema, teatro, dança, culinária e música debaixo de um mesmo telhado.” Essa é a definição do arquiteto Isay Weinfeld, de 49 anos, após quase 30 anos de carreira. Formado pela Universidade Makenzie, ele tem seu nome estampado em vários bares, casas, lojas e discotecas famosas da cidade, além de ter sido destacado em quatro edições da revista inglesa de estilo Wallpaper.
Giuliana Gabrielli, de 18 anos, está fazendo cursinho no Intergraus para ser arquiteta. No início do ano, ela fez dois meses da faculdade no Mackenzie e desistiu porque seu sonho é entrar na USP. A Agência Estado levou a estudante para um encontro com Isay.
Giuliana Gabrielli – Você tinha vocação para a arquitetura ou foi influenciado por alguém da sua família?
Isay Weinfeld – Minha escolha foi um chute. Nessa época da vida é muito difícil saber o que você quer ser quando crescer. Não tinha nenhum arquiteto na família e, antes da escolha, comecei a fazer cinema. Tinha certeza de que não queria ser médico, engenheiro. Eu gostava muito de ver maquetes de prédios, ficava imaginando como as pessoas viviam naqueles apartamentos. Então, fiz a minha opção.
O que é mais importante na carreira: uma boa faculdade ou fazer cursos para se atualizar?
A faculdade é você. Não importa o nome do lugar se você for uma pessoa curiosa e fizer o que gosta. Tem de se formar na faculdade e se infomar aqui fora. A universidade é importante para fazer amigos. É a melhor época da vida mas não se pode esperar que ela te forme arquiteto.
Formar-se em uma boa faculdade facilita para quem quer entrar no mercado de trabalho?
Recebo muitos pedidos de pessoas que querem trabalhar comigo e não olho nem o currículo delas. Não me interessa onde ela se formou, o mais importante para mim é que a pessoa seja legal. Aqui, somos como uma família.
Quando você se formou foi muito difícil encontrar um estágio?
Naquela época era muito diferente. Fui estagiar com o arquiteto Jacob Rushti, que era o meu ídolo. Mas hoje é mais complicado porque há muitos profissionais e muitos estudantes.
Você fez algum tipo de curso para aperfeiçoar-se na carreira?
Não. Eu fui um curioso que me informava fora da faculdade. Sinceramente, os cursos não nos transformam em melhor ou pior profissional.
Como é o mercado de trabalho no Brasil?
É bem problemático. Acho que, infelizmente, da minha classe da faculdade, poucos atuam como arquitetos hoje. O mercado está realmente saturado e não existe trabalho para todo mundo.
E como se destacar?
Quem tiver vontade e talento se destacará. E isso não é apenas para arquitetos, mas para todos tipos de os profissionais.
Qual é o seu conselho para quem quer ser arquiteto?
Vocês devem esperar por muito sufoco. É uma carreira complexa e a chave para ser um bom profissional é conseguir traduzir em arquitetura os anseios e os sonhos de um cliente. Para mim, o cliente é a matéria-prima do arquiteto.