O XXIII Congresso da UIA teve uma extensa programação. O evento foi todo organizado para acontecer no Centro de Convenções e Feiras Lingotto, antiga fábrica da FIAT dos anos 20, que foi restaurada anos atrás por projeto do arquiteto italiano Renzo Piano. A chegada nossa em Turim ocorreu no sábado, dia 28 de junho e fomos ao hotel Best Western City no centro de Turim, na Rua arquiteto Felippo Juvara.

DIA 29 de junho – Logo cedo nos dirigimos ao Centro de Convenções Lingotto para pegarmos o crachá e pasta e material do Congresso. À noite, às 18.00 horas, a abertura do evento se deu no Venaria Reale, um castelo do século XVII ainda em restauração. Por pouco a abertura não foi um enorme fracasso, pois a chuva quase atrapalhou a festa. Na solenidade de abertura, toda a delegação presente no evento, podemos ver arquitetos e arquitetas de todo o mundo, num enorme mistura de culturas, roupas e línguas. Mais de 2 mil pessoas presentes; balé de luzes e água de uma enorme fonte localizada no pátio central do castelo. No palco, autoridades locais e regionais, políticos e líderes dos arquitetos dentre eles o presidente da UIA, Gaetan Siew, que se estava se despedindo do seu mandato. Nesse momento da solenidade de abertura já podemos realizar diversos contatos com representantes de outros países, em especial a comunidade alemã e a sul africana, por conta de contatos para o projeto COPA 2014 no Brasil, que a FNA estará conduzindo.

DIA 30 de junho – Logo cedo, às 10 horas, uma abertura solene ocorreu no Palavella, um enorme ginásio construído para as competições olímpicas de inverno de 2006 que tiveram Turim como sede. Naquela ocasião o Presidente e a diretoria da UIA saudaram os presentes ao evento, apresentaram a programação do evento e deram todas as informações necessárias, além de saudarem os 100 anos de Oscar Niemeyer do Brasil, fato que gerou enormes aplausos da platéia. Naquele dia 30, a FNA distribuiu 2.500 exemplares do jornal em inglês, elaborado especialmente para o evento UIA, que teve o apoio do CONFEA. Um sucesso a recepção do jornal no evento. Ver anexo. Uma mesa importante foi a de educação do arquiteto e urbanista na UIA que foi acompanhada pelos conselheiros José Roberto Geraldine, José Antônio Lanchoti e Ângelo Arruda, coordenada pelo espanhol Fernando Ramos, que foi contactado para vir ao Brasil.

Dia 1 de julho – Esse dia foi dedicado a apresentação da Mesa sobre Exercício Profissional da UIA, com o arquiteto Jordi da Espanha, coordenador desse tema no mundo. Segundo ele, o Brasil tem a terceira maior bancada de arquitetos do planeta, com quase 90 mil profissionais formados e registrados no CONFEA/CREAs. O primeiro são os Estados Unidos e o segundo o Japão. Naquela mesa pudemos acompanhar o debate sobre as tendências de mercado de trabalho no mundo e uma das mais importantes publicações foi distribuída aos presentes – segue cópia anexa – um trabalho realizado pelos italianos mostrando o mercado de trabalho, o mercado de projetação etc. Sensacional. Creio que o CONFEA poderia coordenar e patrocinar trabalho idêntico no Brasil.

DIA 2 de julho – Um dos dias mais importantes da Missão pois ocorreu, o dia inteiro, uma mesa que cuidou do debate da habitação social. Italianos, ingleses, holandeses e espanhóis se revezavam para falar da política da habitação social na Europa. O quadro, segundo a italiana Anna Maria Pozzo, da FEDERCASA, uma associação italiana que articula e estuda a habitação social, é preocupante, pois os altos investimentos necessários para que os investimentos possam cobrir as demandas dos imigrantes, em especial, e da mobilidade intra-européia, em particular. Anna Pozzo apresentou em slides, a política de habitação social na Europa – Itália, Espanha, Portugal, França, Alemanha e Inglaterra- e soube conduzir apreciadamente, as virtudes e dos problemas de cada um dos países. O representante da Holanda aproximou o tema com a América Latina, mas se referiu apenas à Venezuela, experiência que ele conhecia e foi nesse momento que deu- nos condições de falar do Brasil, ao final dos trabalhos. A espanhola Martinez, representante da Prefeitura de Madri, apresentou o excelente trabalho de habitação social daquela cidade. Num consórcio de empresas privadas, mais de 30 grandes empresas, se constituiu um fundo rotativo administrado por uma gestão compartilhada, coordenada pela municipalidade. Através de concursos públicos de projetos de arquitetura – inclusive um deles foi vencido por equipe do brasileiro Paulo Mendes da Rocha de São Paulo – a municipalidade escolhe excelentes projetos que qualificam o tema da habitação social. Uma exposição especialmente para o evento foi montada por Madrid, que fazia parte do XXIII Congresso da UIA e estava exposta no Museu de História Natural, na qual fizemos a visitação e adquirimos o livro publicado especialmente para o Congresso. No final das apresentações o coordenador da Mesa pediu aos quase 300 presentes, sugestões para seu relatório e foi nesse momento que usamos a palavra e nos dirigimos à platéia – falando em espanhol – e pudemos colocar o Brasil na discussão da habitação social e o trabalho da FNA em prol da Assistência Técnica à Habitação Social, trabalho que vimos coordenando há décadas no país. O tema tomou a platéia e todos queriam saber o que estava acontecendo aqui e nos colocamos à disposição de todos com nosso e-mail. Alguns últimos jornais foram disputados pelos presentes quando os distribui. Ao final da tarde, as entidades FNA e IAB se reuniram para traças estratégias de coordenação dos trabalhos lá e no Brasil.

Dias 3 e 4 de julho – Assistimos a palestras isoladas, dentre as quais a de Dominique Perrault no Palavela, onde ele relata sua experiência projetiva em especial a dedicada à intervenções urbanas. A mais importante do dia foi a do economista indiano, Prêmio Nobel de Economia, Junnus, que falou do Banco do Povo criado por ele e uma experiência importante pra países com população pobre e que precisam de renda extra para atividades econômicas e constituir espaços de aproximação com a economia formal. Naquele momento de sua apresentação ele convoca os arquitetos para se aproximar dos pobres e trabalhar em seu favor.

Dias 5 e 6 de julho – Realização da Assembléia da UIA no Salão 500 do Lingotto. A delegação brasileira composta de 7 delegados arquitetos. Na Assembléia fizemos contatos com os delegados alemães – Tilman Prinz- e sul-africanos e os convidamos em nome do CONFEA para vir ao Brasil apresentar e debater as experiências da COPA do Mundo em seus países. Também fizemos uma aproximação com a ONG Architectes de Urgence, através de Alice Moreira, sua Diretora de Administração e Finanças e de Patrick Coloumbel, seu Presidente, que realiza trabalhos em países que tenham problemas com enchentes, terremotos, acidentes com população pobre e nos colocamos para aproximar nossas experiências em favelas no Brasil com eles. A recepção foi calorosa e aconteceu um convite para irmos à Paris em novembro fazer uma apresentação das nossas experiências com apoio a povos pobres.