No último dia 17 de agosto, seria realizada na Câmara dos Vereadores de Cuiabá uma audiência pública sobre o CAU. A audiência foi requerida a pedido do SINDARQ/MT pelo presidente da Câmara, vereador Júlio Pinheiro (PTB) e aprovada por unanimidade. Seu objetivo era debater os anseios dos profissionais de arquitetura e urbanismo neste momento de transição para o seu novo Conselho. Infelizmente, a coordenadora da Câmara de Arquitetura do CREA/MT, arquiteta Josiani Galvão, ameaçou o sindicato e a Câmara de abrir um processo judicial caso a audiência acontecesse, uma vez que, segundo ela, realizar esse tipo de atividade seria atribuição única e exclusivamente da CEARQ. Infelizmente, ela, como coordenadora do órgão, não fez sua obrigação, que era a de promover o debate sobre o CAU, e queria impedir que outros fizessem esse debate com os arquitetos e urbanistas matogrossenses. A audiência pública acabou sendo desmarcada no dia porque, segundo o assessor do presidente da Câmara, os vereadores teriam tido um compromisso de urgência com o prefeito. Apesar disso, a pedido da FNA o presidente da Câmara autorizou que os arquitetos ali presentes pudessem usar as dependências do local para debater o CAU.

 

        Resultado: não houve a audiência pública, mas mesmo assim 54 arquitetos e urbanistas debateram o CAU naquela manhã, nas dependências da Câmara. A mesa foi composta por Ana Rita Maciel, presidente do Sindicato dos Arquitetos de Mato Grosso (SINDARQ/MT), Carmem Amaral, do Instituto de Arquitetos do Brasil de Mato Grosso (IAB-MT), Jéferson Salazar, presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) e Geraldo Penopato, da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Mato Grosso (AENOR) Também estiveram presentes Telma Soares, do Conselho Fiscal da FNA, Ivan Almeida, coordenador de projetos da Secretaria de Educação de Mato Grosso, Ana Catarina, gerente de projetos da Associação dos Municípios, Carlos Renato Pina dos Santos, da UNIC campus Primavera, Mauro Lúcio Rodrigues, representante do deputado estadual Emanuel Pinheiro (PR), Geraldo Augusto Perrupato, da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Norte de Mato Grosso, Luiz Benedito, presidente do Sindicato dos Engenheiros de Mato Grosso (SENGE-MT) e Maristela Okamura, candidata a presidente do CREA/MT. A FNA apóia a candidatura dela à presidência do CREA/MT por sua trajetória de defesa das lutas urbanas e de planos diretores participativos, frentes em que sempre atuou em conjunto com os arquitetos e o SINARQ/MT. Sua eleição para a presidência do CREA/MT garantirá enormemente os futuros e necessários diálogos entre a entidade e o CAU estadual.

 

        Telma Soares, do Conselho Fiscal da FNA, afirmou que, apesar de todos os problemas, o debate foi válido porque serviu para aproximar os arquitetos do CAU e tirar suas dúvidas com relação ao novo Conselho. “Uma pessoa que age como a coordenadora da CEARQ do CREA/MT não pode ser a favor do CAU. E olha que estamos falando de uma arquiteta”, disse.

 

        Já Ana Rita Maciel, presidente do SINDARQ/MT, afirmou que no nosso país, a democracia ainda é muito tênue. “Tanto é que muitas vezes, às vésperas de processos eleitorais, acontecem episódios como esse. Nos falta ainda maturidade política para exercer a fundo a democracia. Não acho que a coordenadora da CEARQ seja contra o CAU. Acho apenas que ela não tem essa cultura democrática, o que é uma pena”, afirmou Ana Rita. Na opinião dela, o CAU não pode ser um grupo de amigos, por isso a iniciativa de promover uma audiência pública a esse respeito, já que a inscrição de chapas para a eleição do Conselho já se encerra no próximo dia 29. Ela afirmou ainda que a participação do presidente da FNA na atividade foi fundamental para o seu sucesso, uma vez que ele pôde falar detalhadamente sobre o processo de implementação do CAU, esclarecendo todas as dúvidas dos arquitetos presentes.

 

        A FNA, não compactua com nenhum tipo de interdição ao debate sobre o CAU, seja lá onde for. Essa atitude da coordenadora da CEARQ/MT lembra um período de triste memória da nossa História, em que alguns decidiam o que poderia ou não ser debatido pelas pessoas, que a FNA sempre combateu com firmeza. Tem razão a presidente do SINDARQ/MT: o CAU que queremos construir não é um clube de amigos, mas sim um Conselho de todos os arquitetos. Para que possamos viabilizá-lo nesses moldes, é necessário muito debate.