Os moradores da Zona Leste de São Paulo andam apreensivos com o processo de construção do monotrilho na região, já iniciado. O principal motivo é o impacto visual que esses trens sobre pneus erguidos em vias elevadas causarão.
Com 30 metros de comprimento e 70 toneladas cada, as vigas foram instaladas por dois guindastes a uma altura de 15m e estão a menos de 30m da varanda da psicóloga Francisca Maria da Paixão, que não pôde se furtar de dar sua opinião sobre a estrutura: “além de interferir na visão, tem o barulho. É invasivo. Quem estiver no monotrilho verá a piscina do condomínio.”
Já Paulo Sérgio Meca, gerente do empreendimento do Metrô, manifestou opinião distinta: “pode ser um pouco estranho no início. Mas não é um minhocão, já dá para notar a diferença. A resistência inicial foi grande porque ninguém sabia como seria. No final das obras, não vai formar um viaduto fechado, tem penetração de água e luz. E vamos arborizar. A vegetação vai esconder um pouco a estrutura.”
Os defensores do monotrilho o comparam a um metrô moderno, enquanto seus detratores afirmam que sua aparência é semelhante a uma espécie de “minhocão”.
Cronograma das obras
O primeiro trecho do monotrilho começou a ser construído em 2010, de maneira que suas obras devem terminar no final de 2013. Com 2,9km de extensão, ele liga as estações Vila Prudente e Oratório. O restante da obra ainda depende de licenças. De qualquer maneira, seu segundo trecho, que ligará Oratório a São Mateus, tem conclusão prevista para 2014. Por fim, o trecho que ligará São Mateus a Cidade Tiradentes deverá ser concluído em 2016.
Mais polêmica
Aqueles que se opõem à construção do monotrilho questionam ainda os custos de construção e manutenção e a capacidade de atender à demanda superior a 40 mil passageiros por hora na região.
O Estado, por sua vez, alega que a qualidade do transporte será semelhante à do metrô, porém com a vantagem de que sua implantação será mais rápida. Também ressalta que o novo meio de transporte será diferenciado, com mais trens do que em outros lugares do mundo – o que possibilitaria, portanto, o atendimento da demanda local.
Na contramão da argumentação estatal, no entanto, a arquiteta Áurea Mazzetti, diretora do SASP, afirma que o ônus causado pela obra acaba não compensando: “o monotrilho não vai atender a alta demanda de passageiros que existe na região”, justifica.
Regina Meyer, arquiteta e professora da FAU-USP, também critica essa intervenção urbanística, afirmando que a construção de vias elevadas não é instrumento eficiente de planejamento urbano: “as vias elevadas deixam um espaço perdido sob elas, que fica parecendo terra arrasada”, pontua.