A sede do Museu Judaico de São Paulo, que está sendo construída no centro da cidade de São Paulo, foi planejada para alcançar dois objetivos: homenagear a história dos judeus, e ao mesmo tempo sinalizar que a comunidade judaica continua ativa e influente. Para isso, o escritório de arquitetura Botti Rubin desenvolveu um projeto que inclui a restauração da sinagoga histórica Beth –El e a construção de um anexo moderno junto ao prédio. O projeto foi orçado em R$ 43 milhões e sua conclusão está prevista para 2016.
O maior desafio para o planejamento da nova sede foi incorporar a sinagoga Beth –El, construída em 1932 e tombada como patrimônio histórico pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo). A opção foi por manter ao máximo as características do prédio e, ao mesmo tempo, transformar o seu interior em um espaço de exposições. “Nós fizemos a menor interferência possível no local, apenas o suficiente para garantirmos a possibilidade de uso”, garante Simoni Waldman Saidon, coautora e coordenadora geral do projeto.
Para aumentar o espaço do museu, a equipe também planejou a construção de um anexo de vidro de quatro pisos, localizado entre a Rua Martinho Prado e a Avenida 9 de Julho. O prédio fará um contraponto à sinagoga, já que será uma intervenção contemporânea, mas esta diferença faz parte do conceito desenvolvido para o museu. “Esta estrutura mostrará o percurso da comunidade judaica para o presente, além de provar que esse grupo ainda tem influencia cultural e artística”, diz. Além disso, o anexo – que será transparente – possibilitará uma interação entre o museu e moradores da cidade, que poderão ver o seu interior ao passar na rua a pé ou de carro.
A inauguração da sede está prevista para 2016, e por enquanto a obra está bem encaminhada. Segundo o engenheiro fiscal do museu, Gilberto Lermer, 2/3 do reparo da fachada da sinagoga já está pronto, sendo que os vitrôs antigos foram restaurados. Além disso, a construção do anexo com três andares subsolos, um térreo e um mezanino está quase completa. “É um projeto moderno, com instalações elétricas e hidráulicas de ponta”, relata o engenheiro.
O escritório Bottin Rubin já havia trabalhado com projetos semelhantes, que aproximam o histórico do contemporâneo. Um exemplo é o edifício de escritórios construído na Avenida Nova Faria Lima, também na cidade de São Paulo. O prédio foi planejado em formato de arco para preservar um casarão bandeirista que existe no local, tombado em 1982. “Ficou um contraponto interessante, entre a casa tombada e o edifício moderno”, afirma Simoni.
Captação de recursos
O custo total do projeto de construção do Museu Judaico de São Paulo será de R$ 43 milhões, sendo que só a obra deve custar R$ 26 milhões. Até agora, 46% deste valor já foi arrecadado, mas a empresa responsável pela captação de recursos, Levisky Negócios & Cultura, continua trabalhando para fechar o orçamento. Os principais patrocinadores tem sido o governo do Estado de São Paulo, que doou R$ 1 milhão via Lei Rouanet, o governo alemão, que contribuiu R$ 900 mil, além de famílias judaicas, bancos, construtoras e outras empresas.
Para atrair investidores, um novo plano de cotas está sendo elaborado, que inclusive receberá doações individuais. “Haverá uma escultura de uma árvore na qual serão oferecidas folhas pelo valor de 80 a 100 mil reais, para que o nome da família seja gravado. É uma forma de prestar uma homenagem”, explica Camila Bueno, representante da Levisky Negócios & Cultura. Outra forma de contribuir é patrocinar determinadas alas do museu, que futuramente receberão o nome dos doadores.
Quando inaugurado, o espaço irá oferecer um acervo histórico extenso sobre a comunidade judaica, que irá comemorar seus ritos, festas, tradições e características. De acordo com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, as exposições serão compostas, em grande parte, por objetos doados por famílias e instituições, como por exemplo talheres trazidos ao Brasil por judeus que estiveram em campos de concentração.