Na década de 50, o prédio do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), em São Paulo, era uma referência da arquitetura moderna e ponto de encontro de intelectuais. Com o passar dos anos, a estrutura foi envelhecendo e caiu no esquecimento. Mas agora que está sendo restaurado, o local começa a retomar o seu papel de destaque na vida social e cultural da cidade.

 

Até pouco tempo o prédio passava despercebido por pedestres que transitavam na rua Bento Freitas, na Vila Buarque. Mas há cerca de um mês, quando a primeira fase da obra de renovação foi concluída, os tapumes que cobriam a fachada há seis anos foram finalmente retirados. Hoje, transeuntes podem admirar o prédio histórico e espiar os títulos de uma livraria que ganhou vitrine no andar térreo.

 

A transformação do espaço já vinha sendo planejada desde 2002, quando o prédio da IAB foi tombado como patrimônio histórico pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT). Mas a reforma só ocorreu neste ano, com o financiamento de R$ 850 mil do Governo do Estado de São Paulo. Por enquanto, foram resolvidos apenas problemas estruturais, mas a ideia é arrecadar fundos para restaurar o prédio inteiro.

 

O arquiteto e urbanista Silvio Oksman, autor do projeto de restauro, afirma que o objetivo não é retornar o edifício ao seu estado original, mas sim reformar com base nas diversas camadas históricas que estão na estrutura. “O prédio tem 60 anos– nós temos que contar essa historia e entender o que aconteceu ali”, diz. 

 

Além da fachada, a fase inicial da obra substituiu o sistema contra incêndio. Foi resolvido ainda um vazamento no subsolo, que há anos inutilizava o espaço. “Nós descobrimos que havia uma infiltração de esgoto e a solução foi desviar esta água diretamente para a via pública”, explica Oksman. O próximo passo é a revisão das instalações elétricas. 


Parte da história

 

Silvio Oksman confessa ter um carinho especial por este projeto, já que o prédio da IAB faz parte da história da arquitetura no Brasil. O prédio foi idealizado 1947, quando o instituto lançou um concurso para escolher um projeto para a sua sede – com Oscar Niemeyer entre os jurados. O vencedor foi o arquiteto Rino Levi, que, junto com uma equipe, desenvolveu um projeto que congregava as melhores soluções apresentadas no concurso. A sede foi inaugurada em 1953.

 

Nos anos que seguiram, o local passou a ser frequentado por escritores, artistas e arquitetos. Durante o dia, os intelectuais almoçavam em um restaurante localizado no mezanino e, à noite, ouviam jazz no bar Clubinho dos Artistas, que ficava no subsolo. “É por isso que queremos recuperar o IAB, não só pelo bem do edifício, símbolo da arquitetura moderna, mas também pelo bem da instituição, arquitetos e a sociedade brasileira”, conlcui.