A hipótese de o governo abrir o mercado brasileiro para arquitetos e urbanistas estrangeiros de forma a suprir um suposto déficit de profissionais preocupa as lideranças sindicais e foi tema da primeira plenária do 38º ENSA, realizada nesta sexta-feira em Cuiabá (MT). Segundo o presidente da Federação Nacional do Arquitetos e Urbanistas (FNA), Jeferson Salazar, anualmente, as universidades brasileiras formam cerca de 7 mil profissionais e, em breve, a expansão da rede de ensino resultará em mais de 9 mil arquitetos e urbanistas por ano no mercado de trabalho.
Questionado sobre o impacto desse movimento para o mercado brasileiro, o representante do Dieese Clemente Ganz Lúcio disse que o tema deverá estar na pauta da Federação e dos sindicatos. “É um problema que vocês vão ter que administrar. O Brasil é um grande mercado, inclusive um grande mercado de trabalho. Um exemplo são os haitianos, que estão vindo para cá e disputando postos de trabalho que os brasileiros não querem mais atender. O aumento da escolarização é importante, mas gera transformação. Se o país continuar crescendo, seremos um país que atrairá mão de obra de todos os tipos”, pontuou o especialista, lembrando que é preciso abrir um debate internacional sobre o tema e que uma solução não deve ser presenciada pela atual geração.
Durante sua apresentação no ENSA, o representante do Dieese ainda manifestou preocupação com a situação da Previdência e com o cenário socioeconômico brasileiro. “Parar o país a cada dois anos para fazer eleição é complicado. Precisamos de uma reforma política. Mas acredito que se deveria fazer uma reforma mais restrita para efetivamente passar pelo Congresso”, pontuou. Entre os pontos mais relevantes, citou a revisão do sistema de financiamento de campanha eleitoral. Também indicou a necessidade de se rever o pacto federativo. “A relação está descompassada. Temos uma União que não tem interferência nos municípios. Os municípios podem muito e podem pouco ao mesmo tempo”, destacou. Ainda indicou o descompasso entre Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. “Temos um desequilibro de poder que é preocupante. Precisamos reequilibrar os poderes”.