Reunidos ontem em Cuiabá (MT), arquitetos e urbanistas de diversos estados brasileiros defenderam a necessidade de mudança no Ministério das Cidades. Na última plenária do dia (Política Urbana no Brasil – Construindo uma pauta para o movimento sindical), pontuaram a necessidade de mudanças urgentes na Pasta, que, apesar de ter sido uma grande conquista, precisa de uma correção de rumo. “O modelo se esgotou. Estamos fazendo esse debate no momento certo, quando se encerra um governo. Mesmo com a continuidade da presidente Dilma, teremos um arranjo novo”, pontuou o presidente da FNA, Jeferson Salazar, lembrando da necessidade de avançar em novas perspectivas. “A incerteza gera receio e o receito gera oportunidade”, disse em coro às palavras dos arquitetos Nabil Bonduki e Kelson Senra.

 

Segundo Salazar, o Brasil teve um retrocesso em medidas mais abrangentes. “É preciso retomar a política de ações planejadas que foi abandonada e avançar na reforma urbana. É a hora de fazer um chamamento para reconstruir uma pauta de debate de políticas públicas urgente”, concluiu o dirigente. 

 

Bonduki pontuou a importância de pensar o desenvolvimento das cidades como um todo. “Com conjuntos habitacionais concentrados na periferia, não há sistema de mobilidade urbana que dê jeito”, completou, referindo-se ao avanço de programas como o “Minha Casa, Minha Vida” sem a devida proporcionalidade em outras áreas. Ele reforçou que não bastam anúncios de bilhões sem planejamento. É preciso dar um novo salto. O Ministério das Cidades está engessado.”

 

A necessidade de uma ação conjunta da FNA em prol do setor também foi defendida pela ex-presidente Valeska Pinto. “Não há nenhuma política que, em 20 anos, não precise de mudanças”, pontuou a arquiteta, defendendo a produção de uma carta com as demandas do movimento. O pedido foi referendado pela presidente do SAERGS, Andrea dos Santos. De acordo com ela, é prioritário fortalecer o debate de ações locais nos estados para atuar em prol de políticas urbanas e garantir uma “reforma urbana já”.

 

Na expectativa de que um novo ciclo inicia-se na Arquitetura nacional, Bonduki espera que o Brasil aproveite a crise política instalada para romper com a dependência entre governo e as empreiteiras. “A política urbana tem que se liberar de amarras. É o momento de virar o jogo”, pontuou o arquiteto e vereador por São Paulo, lembrando que até mesmo o ex-presidente Lula já veio a público defender mudanças no Ministério das Cidades.