Um antigo prédio na região central de São Paulo foi revitalizado e acaba de se tornar a moradia de 50 artistas. É o edifício do Hotel Cineasta, na avenida São João, a poucos metros do cruzamento com a avenida Ipiranga. As obras começaram em março de 2012 e acabam de ser concluídas. Transformado em moradia popular para músicos, o Edifício Palacete dos Artistas será habitado por cantores, atores e diretores de teatro com mais de 60 anos, renda de até três salários mínimos e que estejam ligados a entidades como o Sindicato dos Artistas, o Movimento de Moradia dos Artistas e Técnicos e a Cooperativa Paulista de Teatro.
São 50 unidades, dez por pavimento, com área média de 40 m² cada. Em cada andar, dois apartamentos foram adaptados para pessoas com necessidades especiais. O prédio foi requalificado e revitalizado dentro do estilo retrofit. Foram respeitadas as condições de acessibilidade, a segurança do edifício e a preservação do patrimônio histórico. Os pisos e paredes foram restaurados e mantidos os originais, em mármore e pastilha cerâmica. As fachadas e telhado passaram por obras de restauro. A estrutura do prédio foi reforçada devido à instalação de nova caixa d’água e alteração dos fossos dos elevadores.
As instalações elétricas (energia elétrica, telefonia, interfonia, TV e internet) e hidráulicas
(abastecimento de água, esgoto, águas pluviais, gás, segurança e combate a incêndio) foram refeitas.
[Foto: Fabio Arantes]
Novos moradores
O cantor Valdemar Farias, 85 anos, popularmente conhecido como Roberto Luna, é um dos novos moradores do palacete. Ele vivia com sua companheira na casa de uma amiga no Horto Florestal, zona norte da capital. Na manhã de entrega das chaves, em cerimônia realizada no dia 12 de dezembro, ele não escondia o seu contentamento pela conquista. “Sou da Paraíba e, quando cheguei em São Paulo, na década de 50, foi para o centro que eu vim. Fui morar no Hotel Excelsior. Hoje posso dizer que estou voltando às origens”, afirmou.
Os novos moradores do edifício foram cadastrados em 2008 e inseridos em programa habitacional que permite a locação de unidades produzidas com recursos públicos. Pelo aluguel, os artistas terão que pagar prestações módicas, que variam de 10% a 12% da renda mensal familiar, que deve ser de até três salários mínimos. As famílias têm a garantia de ficarem nos apartamentos por tempo indeterminado.
Para o prefeito Fernando Haddad, este foi um reencontro da cidade com seu centro histórico. “Requalificar o centro não é só reformar prédios. É, sobretudo, um gesto em direção às pessoas. E acho que o gesto não poderia ser mais significativo”, afirmou no ato de entrega das chaves aos artistas.
Foram investidos cerca de R$ 8,2 milhões, sendo R$ 1,3 milhão em restauro; R$ 5,1 milhões em reformas e adequações em geral e R$ 1,8 milhão em reforços da estrutura do prédio e adequação e instalação dos elevadores. Outros R$ 4,2 milhões foram gastos com a desapropriação do edifício. A fonte de recurso foi do governo federal, por meio do Programa Especial de Habitação Popular (PEHP), que previa o financiamento para esse tipo de empreendimento a fundo perdido por meio da Caixa Econômica Federal.