Inicialmente, vale destacar que temos uma formação fundamentalmente generalista e abrangente que envolve técnica, estética e, principalmente, humanismo. Nossas atividades e atribuições, descritas no Art. 2º da Lei nº. 12.378, de 31 de dezembro de 2010, abrangem um vasto campo de possibilidades de atuação voltadas para criação ou modificação de espaços públicos ou privados do habitat humano com o objetivo precípuo de aperfeiçoar a relação do homem com o seu espaço, e, dessa forma, proporcionar-lhe conforto e bem estar.


O primeiro Curso de Arquitetura no Brasil surgiu em 1826 na Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro e apesar de ser o único no país por 50 anos e a profissão ter sido regulamentada apenas em 1933, podemos dizer que, descontados os 5 anos de formação, temos arquitetos no Brasil há 183 anos.

 

 

Os dados do Censo 2010 do IBGE demonstram que 84% dos brasileiros vivem nas cidades e que 11,4 milhões de pessoas moram nos chamados aglomerados subnormais, como favelas e ocupações.

 

As manifestações de protestos de junho do ano passado demonstraram de forma incisiva a insatisfação da população com a qualidade de vida nas grandes cidades brasileiras.

 

Três em cada dez brasileiros têm como principal sonho de consumo comprar uma casa ou mobiliar e reformar o imóvel próprio, de acordo com pesquisa divulgada em 22/10/2013 pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), realizada com o objetivo de traçar o perfil comportamental e hábitos do consumidor.

 

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) publicou em julho de 2013 uma pesquisa sobre as ocupações de nível superior que mais geraram empregos entre 2009 e 2012. Feita com dados extraídos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a pesquisa mostrou que, das 22 carreiras de nível superior que foram pesquisadas, a de arquiteto e urbanista foi a que menos gerou postos de trabalho no período da pesquisa.

 

Não é difícil perceber em nossas cidades a ausência da arquitetura e urbanismo em grande parte do espaço urbano.
O sindicato compartilhou em sua “Fan Page” um vídeo do Projeto Blog intitulado “O QUE O ARQUITETO FAZ” que é uma interessante amostra do desconhecimento da população sobre o que fazemos.

 

Com base nas colocações postas acima, podemos concluir que o que fazemos, tanto na arquitetura como no urbanismo, está posto como o principal sonho de consumo da população e que a ausência do nosso trabalho é percebida pela sociedade que tem demonstrado de forma clara uma enorme insatisfação com a perda crescente da qualidade de vida nas cidades. No entanto, apesar de estarmos no mercado há 183 anos, o que fazemos é pouco conhecido pela sociedade e reconhecido no mercado de trabalho. POR QUÊ?

 

A resposta para esta pergunta não é simples, obviamente, visto que envolve fatores diversos que passam pela formação, por opções no exercício profissional, por uma mudança de postura e pelo desmonte de estereótipos criados pela mídia. Entretanto, buscar essa resposta é sem dúvida o ponto de partida para o reposicionamento do arquiteto e urbanista no mercado de trabalho.
Pessoalmente, acredito que, de todos estes fatores, o mais importante é a mudança de postura com relação às instituições de uma forma geral, mas principalmente àquelas representativas da profissão. Nós nos queixamos muito e participamos pouco e temos o hábito delegar para terceiros, sem nenhuma cobrança efetiva, decisões que afetam diretamente o nosso trabalho e a nossa vida.

 

Desde 2012, vivemos um novo momento da profissão no país, com a criação do nosso conselho próprio e, em especial, no Espírito Santo, com a fundação do sindicato e a reestruturação do instituto. Passamos a ter, pela primeira vez, nos 79 anos de profissão regulamentada, condições de definir o rumo de nossa profissão, definindo claramente os papéis do CAU/ES, do SINDARQ-ES e do IAB/ES, evitando duplicidades, somando esforços e ampliando as possibilidades de atendimento das demandas dos arquitetos e urbanistas no estado.

 

De forma inédita no país, as três instituições representativas de nossa categoria no Espírito Santo estão trabalhando juntas, e, não por acaso, no mesmo espaço físico: a Casa do Arquiteto, que, mais do que um espaço de referência da Arquitetura e Urbanismo, é uma estratégia pensada de comunicação e interação junto aos colegas e a sociedade. Todavia, para que essa estratégia produza resultados efetivos, é necessário que a categoria fortaleça as instituições, participando propositivamente dos trabalhos por elas desenvolvidos, de forma presencial ou virtual, pois as instituições somos nós e o que fazemos delas. Isto não é um “chavão”, mas a mais pura realidade. Para citar um exemplo, o sindicato tem encaminhado informativos via mailing a todos os arquitetos e urbanistas do Espírito Santo sobre as ações que tem realizado em benefício da categoria e o relatório do último informativo enviado mostra que apenas 29% dos colegas tiveram o interesse em acessar algum dos links publicados, ou seja, 71% provavelmente nem tiveram a curiosidade de ler as informações recebidas. Até hoje tivemos pouquíssimos retornos com sugestões ou críticas, que são válidas e muito bem-vindas, desde que feitas de forma direta e dentro dos princípios da educação e da ética.

 

Nossa intenção com este texto é fazer uma reflexão conjunta sobre a realidade de nosso mercado de trabalho e como podemos alterar nosso posicionamento neste mercado. Como vimos, a sociedade necessita e clama pelos nossos serviços, mas ou não conhece ou tem uma ideia distorcida sobre o que fazemos. Mudar esta situação requer um esforço coletivo, porque sozinho podemos pouco e, se cada um se limitar a reclamar ou criticar de forma negativa em rodas de amigos e, delegar às instituições todo o esforço para alteração deste quadro, as mudanças necessárias serão muito lentas e a sociedade continuará ainda, por um bom tempo, privada da nossa importante contribuição para a melhoria de sua qualidade de vida.

 

Finalizando, convido a(o) colega a participar de nossa pesquisa on-line sobre mercado de trabalho, que está no ar desde 26/11/2014 e cujo link de acesso (http://goo.gl/forms/KzJaPoJHWX) você recebeu por e-mail. Venha conhecer e opinar sobre o trabalho que o sindicato vem desenvolvendo e se informar no nosso site (www.sindarq-es.org.br) sobre a Campanha de Filiação que estamos realizando, com diversos benefícios ao associado.

 

Feliz 2015!