Nesta quinta-feira (19 de fevereiro), o arquiteto e urbanista Severiano Mario Porto completa 85 anos. Conhecido como “arquiteto da Amazônia”, onde morou e trabalhou por 36 anos, ele foi responsável por grandes projetos nas décadas de 1960 e 1970, como a sede da Petrobrás e o campus da Universidade da Amazônia. Desde aquela época, Severiano já empregava conceitos de arquitetura sustentável mesmo antes de o conceito ganhar popularidade, considerando as necessidades e circunstâncias da região.

 

“Foi observando o pessoal nativo – os seringueiros, para mim, gigantes que cruzam a floresta amazônica a pé e passam meses embrenhados na mata, levando uma bagagem mínima, enfrentando toda sorte de problemas até grandes onças que a gente pode encontrar mesmo perto de Manaus – que aprendi sobre o fazer regional”, contou certa vez o arquiteto em artigo publicado na Revista Projeto, em 1986. A vivência no Amazonas começou com um convite do governador Arthur Reis para projetar a Assembleia Legislativa do Estado. Embora esse projeto não tenha sido construído, ele ainda projetou no Amazonas o campus da Universidade Federal do Amazonas, o Estádio Vivaldo Lima, O Centro de Preservação Ambiental de Balbina e as sedes da Superintendência da Zona Franca, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e do Fórum de Justiça Enoch Reis.

 

Sua própria casa era um exemplo claro de sua preocupação em fazer uma Arquitetura que estivesse de acordo com o clima, a cultura e os materiais disponíveis da região. Ele construiu uma casa de madeira junto a um igarapé, conforme o costume do povo local. A mistura do projeto convencional com as técnicas e materiais do homem local o levou a revolucionar a arquitetura amazônica, até então uma cópia de tudo o que era feito no resto do mundo, sem preocupação em adequação ao contexto.

 

O IAB-AM pretende iniciar um levantamento de todas as obras de Severiano Porto para futuramente propor o tombamento de algumas delas como patrimônio arquitetônico do Amazonas. Entre essas obras, o Centro de Preservação de Balbina, no município de Presidente Figueiredo, que se encontra em estado de completo abandono. Em forma de maloca indígena e toda coberto de cavacos (lascas de madeira), o Centro foi construído em 1987 para sediar trabalho de impactos ambientais causados pela Usina Hidrelétrica de Balbina, mas sua função nunca foi adiante.

 

Diversas obras de Severiano Mario Porto foram premiadas pelo IAB, como o Restaurante Chapéu de Palha (1967), a sede da Superintendência da Zona Franca de Manaus (1974), a Casa Schuster (1978), a Pousada da Ilha de Silves (1982), o campus da Universidade da Amazônia e o Centro de Proteção Ambiental Balbina (1987). Recebeu ainda o Colar de Ouro do IAB e o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 

Como disse o arquiteto e urbanista Lucio Costa, falecido em 1998, “Severiano não só fez e atualizou a boa arquitetura no país como não se esqueceu tampouco que o próprio objetivo da arquitetura não se restringe à proteção física, mas oferecer um quadro às ações e às estruturas sociais e representar e ser, ela própria, uma cultura”.

 

Feliz aniversário, Severiano!