Autor: Bruna Karpinski, Assessoria de Comunicação da FNA
Referência na implementação do sistema BIM (Building Information Modeling) no Brasil, o Arquiteto e Urbanista Rogério Tsuyoshi Suzuki foi um dos pioneiros no aprendizado e ensino do fazer projetos em AutoCAD. Hoje, o seu desafio enquanto palestrante e consultor de BIM para construtoras, escritórios de projeto e empresas do varejo, é romper com a resistência do mercado em inovar, fazendo avançar o processo de transição entre as metodologias. “Cada dia os profissionais de projeto e construção compreendem que esta mudança é inevitável e, dadas as suas características, deve ser pensada com muito critério”, diz Suzuki.
No sistema convencional, o profissional entrega o desenho em CAD, uma tabela e um memorial em documento de texto. Já o BIM, que pela tradução significa Modelagem de Informação da Construção, oferece uma vasta gama de informações a respeito do projeto, incluindo banco de dados com custos e características dos objetos, como peso e volume. “Muita gente acha que é fácil usar, mas é preciso entender o conceito e mudar a dinâmica. Você não consegue extrair a informação automaticamente. O processo de mudança que estamos vivenciando é muito profundo”, afirma o entusiasta.
Segundo o especialista, é momento de repensar o fazer e vender dos projetos de Arquitetura e Urbanismo. “É a grande oportunidade que o Arquiteto tem de renegociar e mudar o nível de remuneração do que ele entrega, pois é algo de muito mais valor”, mensura Suzuki. Ele estima que menos de 10% dos Arquitetos e Urbanistas brasileiros tenha conhecimento sobre o uso desta nova ferramenta, número este que elucida o lento processo de mudança. O interesse em fazer a transição já existe, contudo muitos profissionais ainda demonstram resistência de não ter retorno financeiro devido ao valor que é agregado ao trabalho.
“É um momento que exige um esforço de conhecimento, tanto no meio acadêmico quanto profissional”, avalia. Com o BIM, o arquiteto e urbanista trabalha em um ambiente integrado com uma ferramenta muito mais complexa, porém mais completa e, consequentemente, mais rentável. “Cada dia os profissionais de projeto e construção compreendem que esta mudança é inevitável e dadas as suas características deve ser pensada com muito critério”, diz Suzuki.
Trajetória sempre norteada pela inovação
Formado em 1992 pela Universidade Federal do Paraná, Suzuki começou como desenhista de cálculo estrutural. Seus primeiros contatos com a informática combinada com a Arquitetura e Urbanismo foram na década de 90, no final da faculdade. Na época, quem entendia de informática não entendia de Arquitetura e vice-versa. “Senti que havia uma oportunidade de mercado, pois não havia quem soubesse tanto Informática e ao mesmo tempo Arquitetura. Comecei a me aprofundar bastante nessa questão”, recorda Suzuki.
O processo de aprendizado foi autodidata, por meio de livros e revistas que assinava e vinham do exterior – publicações que demoravam meses até chegar. “Era uma época de desbravar mesmo.” Tudo em nome do seu interesse por este novo campo de trabalho que se abria: a substituição dos traços manuais em pranchetas pelos vetores no computador. Suzuki informatizou o escritório e começou a dar treinamento em AutoCAD para colegas Arquitetos e Urbanistas e também engenheiros.
Foi nesta época que ele importou dos EUA uma plotter jato de tinta que imprimia em menos de um minuto a mesma imagem que a tradicional plotter de caneta demorava de três a quatro horas para concluir. O objetivo inicial era cobrir os custos do investimento feito para atender as demandas do escritório que montou com outros três colegas de faculdade. Na época, o grupo venceu um concurso nacional de projetos de escolas do Governo do Estado do Paraná. Mas a ideia deu tão certo que gerou uma oportunidade de mercado.
“O negócio acabou explodindo, pois só havia plotters a caneta no mercado”, lembra. Suzuki começou a prestar serviços de plotagem. Alguns anos depois, em 1999, passou a atuar na empresa Grapho, desenvolvedora da Autodesk (AutoCAD), comercializando licenças para o programa e outros softwares voltados à Arquitetura e Urbanismo implantando soluções para os clientes. “Em 2008, decidi mudar para área de Gerenciamento de Projetos”, conta. Em 2011, saiu da empresa e, desde então, vem se dedicando a prestar consultoria, ministrar cursos e palestras e dar aula em Pós-Graduação.
Sobre o momento de maior satisfação na carreira, ele afirma que é o atual. “Depois de uma vida inteira dedicada a melhorar os processos de projetos e construção, finalmente venho presenciando um forte movimento de implantação de BIM – que coroa todo o esforço que venho empreendendo. Com isso, a demanda por consultoria está muito boa e com uma perspectiva de melhorar muito mais”, acredita. Suzuki está cursando mestrado em Engenharia Civil pela USP e trabalha ainda para uma empresa de software americana chamada ARCHIBUS, Inc. de soluções para Gerenciamento de Propriedades e Facilities.