E por falar em Miguel Pereira…
por Jeferson Salazar, presidente da FNA
Há um ano, com muito pesar, anunciamos na rede da FNA o falecimento do arquiteto e urbanista Miguel Pereira. Professor da FAU/USP, conselheiro federal do CAU/BR, ex-presidente do IAB, ex-vice-presidente da UIA, Miguel encarnava todas as gerações que lutaram pela autodeterminação da profissão de arquiteto e urbanista. Era um símbolo da luta pela criação de um Conselho Profissional próprio, pois esteve presente nesta luta desde os seus primórdios tempos, no fim da década dos anos 1950.
Foi até seus últimos dias um entusiasta e artífice da unidade das entidades nacionais na defesa dos interesses maiores da profissão e da sociedade brasileira. Não como subservientes umas às outras, mas como complementares e protagonistas no processo multicultural que envolve a função social da arquitetura e urbanismo. Pregava que os laços de fraternidade construídos nas ações e lutas conjuntas nos fortalece a todos, contribuindo para dar coesão ao espírito colaborativo existente entre nossas entidades e entre estas e o nosso Conselho. Seu espírito democrático sabia reconhecer na diversidade a força motriz das nossas Entidades, do nosso Conselho e da nossa profissão. Era um orador admirável! Ainda que em raros momentos se pudesse discordar das suas argumentações, não tinha como não se encantar com a sua forma elegante e eloquente de falar.
Miguel Pereira em sua trajetória de vida como profissional dignificou o exercício da profissão; como professor destacou o compromisso histórico da profissão com a sociedade brasileira; e como agente político em defesa da profissão foi o “Cavaleiro da Esperança” que sobreviveu a todas as adversidades até a alforria derradeira, representada pela criação do CAU. Além de sonhador, Miguel foi um exímio construtor, na medida em que soube transformar sonhos em realidade. E é isso que o torna tão presente entre nós.