O mercado de feiras e congressos é uma das áreas de atuação dos arquitetos e urbanistas. É ao planejamento dos projetos de eventos que o arquiteto e urbanista Getulio Takashi Tamada se dedica há três décadas, logo após formar-se, em 1983, na antiga Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Farias Brito, hoje Universidade de Guarulhos (UnG), em São Paulo. “Pela crise econômica que o Brasil vivia na década de 80, eu e diversos colegas de turma não tiveram condições de exercer a profissão, mesmo como desenhista ou até projetista e assim sendo, trabalhar como Arquiteto seria um luxo enorme”, recorda Tamada. O negócio começou na garagem da casa dos pais de um colega de faculdade, Carlos Alberto Vendramini.
Após uma boa reforma do espaço, montaram o primeiro escritório em busca de clientes. “Mas os únicos trabalhos que nos surgiam eram projetos de casas ou reforma de parentes”, brinca o arquiteto. O cliente de um colega que migrou para a área de Fotografia tinha uma tecelagem e estava participando de um evento no Anhembi.
“Como não tínhamos nada a perder, participamos desta concorrência e felizmente o nosso projeto foi o escolhido”, relata Tamada. Assim iniciou a sua trajetória no mercado de eventos. Atualmente, o arquiteto e urbanista faz parte de quatro empresas: duas de montagem, uma de sinalização e uma de locação de mobiliários.
Apesar das dificuldades, o profissional avalia que o título de Arquiteto e Urbanista já lhe abriu diversas portas. Também destaca a habilidade no uso do papel, lápis e facilidade na representação gráfica de uma ideia na hora de buscar o briefing. “A formação e conhecimento da arquitetura permitiu-me uma maior segurança nas conversas e maior capacidade de persuasão com informações técnicas”, descreve.
Hoje, Tamada é membro da diretoria da Associação Brasileira das Montadoras e Locadoras de Stands (Abrace Stands). “A entidade nasceu de um grito de revolta contra as organizadoras que não respeitam as empresas da nossa categoria e também não percebem a importância dos serviços que prestamos. Não percebem que não há evento sem que o tripé esteja harmonicamente equilibrado”, reivindica.
Entre as dificuldades do setor, está o prazo exíguo entre a entrada do briefing e a saída do projeto. “Absolutamente tudo precisa estar pronto para uso no dia e hora que foi programado para que o evento tenha início”, detalha. Porém, a maior falha ou problema é a quase impossibilidade de cobrar pelos trabalhos de projeto junto às empresas expositoras.
“Não há consenso e valorização do processo criativo e intelectual de um profissional, pois há empresas e projetistas que trabalham com risco total, ou seja, recebimento somente depois de aprovado”, reclama Tamada. Segundo ele, é comum os clientes pensarem que, no momento do projeto, a única “coisa que se gasta” são as horas de trabalho e seu conhecimento no assunto.