A Prefeitura do município de Santa Teresa, no Espírito Santo, quer derrubar o casarão histórico com mais de 100 anos para construir uma ponte. O governo do Estado aguarda projeto de intervenção, que deve ser apresentado em 60 dias. Segundo a gerente de memória e patrimônio da Secretaria de Cultura do Espírito Santo (Secult), Christiane Gimenes, o Conselho Estadual de Cultura é o responsável por analisar o projeto e decidir o impasse. O imóvel, que ainda não é tombado, integra Centro Histórico que conta a história da chegada dos imigrantes italianos e é o ponto zero do município de Santa Teresa.

 

Para os moradores, os casarões guardam a memória da cidade. O processo de tombamento foi solicitado em 2003 por uma moradora. Desde então estão realizados estudos que serão analisados pelo Conselho Estadual de Cultura. “A partir do momento da instauração do processo, qualquer intervenção que ocorra no Centro Histórico precisa de autorização, pois se você espera o tombamento acontecer muitas intervenções podem afetar o valor histórico que tem aquele imóvel”, explica Christiane. Ela explica que a avaliação levará em conta a importância histórica do prédio, e também o desenvolvimento pretendido.

 

“Santa Teresa é um município muito singular. Tanto na parte histórica da cidade, onde tem alguns casarões, quanto no interior. Mas principalmente, pela questão da cultura italiana. Esse ano mesmo Santa Teresa ganhou o título de ser a primeira cidade a ter a colonização italiana no Brasil. Toda essa configuração importante, não só o casarão em si, mas em toda a cidade”, comentou.

 

O prefeito de Santa Teresa Claumir Zamprogno, explicou que o objetivo da derrubada é melhor o fluxo no Centro Histórico. “Os carros menores vão passar no centro e os maiores vão passar por fora. Então, não dá para passar todo mundo por fora e matar o meu comércio”, disse. Ele pretendia entregar a ponte em 10 de dezembro.

 

“Se não me atropelarem, em 10 de dezembro quando acenderem a luz de natal e se abre a ponte. O preço da família para fechar amigável é R$1 milhão e 300 mil. E eu estou disposto a pagar, porque é o preço de mercado. O dinheiro está em caixa”, completou o prefeito.

 

Protesto

 

No dia 14 de junho, os moradores de Santa Teresa deram um abraço simbólico no casarão histórico. Os manifestantes são contra a demolição e querem manter a história e a arquitetura do prédio. Cantando o Hino Nacional, o grupo ‘abraçou’ o prédio que representa a história daquela que é a primeira colônia italiana do Brasil.

 

Um dos organizadores do abraço, Marcos Leão, defende que os imóveis do município devem ser tombados pelo Patrimônio Histórico. “Sem o tombamento, não há como ter controle. Somos contra a demolição do casarão, pois a passagem de caminhões pesados vai danificar ainda mais a estrutura dos prédios localizados próximos ao local”, disse ela.