A linha tênue entre o que é ilegal e o que é legítimo é uma das questões abordadas no projeto vencedor do 9º Concurso Nacional de Ideias (CNI) para Reforma Urbana. Três acadêmicos de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, fizeram o levantamento das ocupações já existentes e dos edifícios vazios que poderiam ser destinados à habitação, na Capital do Estado. Com o trabalho À Margem: a legitimidade da ilegalidade, Camila de Oliveira Ghendov e Vinicius Kuboyama Nakama, recém-formados, e Mariana Simaes da Costa, estudante do último semestre, foram premiados com o primeiro lugar.

 

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Usando como ponto de partida o Centro de São Paulo, o projeto leva em conta quatro centralidades importantes da capital nas regiões Norte, Sul, Leste e Oeste. Os pontos considerados, destaca Nakama, são marcos não só para a arquitetura e urbanismo, mas também porque possuem transporte e estrutura urbana. “É um contrassenso a cidade crescer cada vez mais na horizontal enquanto há edifícios vazios que não cumprem a sua função social”, disse o jovem arquiteto e urbanista Vinicius Kuboyama Nakama.

 

Levando em conta que entender o crescimento das cidades é um dos grandes desafios do século, o plano elaborado pelo grupo e premiado pelo CNI não tem a pretensão de ser uma solução para este tipo de problema. “Mas queremos gerar discussões urbanas sobre moradia e sobre o direito à cidade”, destaca. Ao mesmo tempo, Nakama questiona: “O que é ilegal? Ocupar um edifício vazio é ilegal, mas em São Paulo há shoppings construídos em cima de aterros sanitários e há casarões construídos em áreas públicas”, ressalta.

 

O CNI para Reforma Urbana também reconheceu o projeto Proposta Bairro: Urbano + Produção Agrícola, de autoria de Roney Matsumura Pessoa, da PUC – Campinas, que levou o 2º lugar; e o trabalho Reabilitação de edifício para habitação popular, do quarteto de estudantes Debora Jun Portugheis, Gabriela de Souza Xavier, Gustavo Raposo Ramos e Mariana Caires Souto, da Universidade de São Paulo, levou o 3º lugar.

 

>>> 2º lugar CNI – Proposta Bairro: Urbano + Produção Agrícola

 

>>> 3º lugar CNI – Reabilitação de edifício para habitação popular

 

A banca julgadora também concedeu menções honrosas para outros três projetos: Espaços Palitantes, de Raquel Filippo Fernandes Hellich, da Universidade Federal de Juiz de Fora; Não apenas uma moradia, um lar, de Lucas Gomes de Souza, Shaiane Gomes Viana e Viktor de Araujo Pinto, da Fundação Edson Queiroz Universidade de Fortaleza; e Extra-muros: ensaio sobre monofunção, guetos e cidade, de Tamar Firer, da UFRJ.

 

>>> Menção honrosa –  Espaços Palitantes

 

>>> Menção honrosa – Não apenas uma moradia, um lar

 

>>> Menção honrosa – Extra-muros: ensaio sobre monofunção, guetos e cidade 

 

Um júri popular realizado durante o XXXIX Encontro Nacional dos Estudantes de Arquitetura (ENEA RIO 2015) também concedeu reconhecimento ao Plano de Humanização para Cidades, do trio Thais dos Santos Coelho, Thais Shiozawa de Micheli e Victoria Reis Sousa e Braga, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo.

 

>>> Juri Popular – Plano de Humanização para Cidades

 

Promovido pela Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) e pela Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (FeNEA), o 9º Concurso Nacional de Ideias (CNI) para Reforma Urbana teve seus vencedores conhecidos durante o ENEA RIO 2015, realizado no final de agosto, no campus Ilha do Fundão da UFRJ, no Rio de Janeiro. Foram reconhecidos os trabalhos que melhor contemplaram as questões propostas pelo concurso. O 1º lugar será premiado com R$2.500,00, o 2º lugar com R$1.500,00 e o 3º lugar com R$1.000,00.

 

Fizeram parte da banca de avaliação dos trabalhos a arquiteta e urbanista Cristina Nacif, da coordenação da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense (EAU-UFF); a arquiteta e urbanista Luciana Andrade, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU-UFRJ) e membro Programa de Pós-graduação em Urbanismo (PROURB/FAU/UFRJ); a arquiteta e urbanista Laisa Eleonora Stroher, secretária de Mobilização e Inserção Profissional da FNA; e o sociólogo Juciano Martins Rodrigues, pesquisador do Observatório das Metrópoles, vinculado ao Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) da UFRJ.