Foi com muita emoção e com o palco do plenário principal do 12º CONCUT lilás e 100% feminino, que nesta quinta-feira (15/10) foi aprovado por unanimidade as resoluções do 8º Encontro Nacional das Mulheres da CUT, que aconteceu em Brasília em março deste ano. “Como o encontro não foi deliberativo precisamos aprovar nos congressos, estaduais (CECUTs) e nacional (CONCUT), o caderno com as resoluções, que define as ações do próximo período para que seja inserido nas resoluções do 12º CONCUT”, explica a secretária Nacional de Mulheres Trabalhadoras da CUT, Rosane Silva.

 

A implementação do Plano Nacional de Saúde Integral da Mulher e a elaboração de uma política de enfretamento contra o assédio moral e sexual no movimento sindical e no trabalho, entre outras demandas, fazem parte do caderno de resoluções. As diretrizes foram definidas após amplo debate sobre as políticas públicas e o papel do estado na vida das mulheres, definição das estratégias e ações para dar visibilidade e reconhecimento a contribuição social, político e econômico das mulheres, superação da desigualdade no mundo do trabalho e na sociedade.

 

Rosane lembra que a CUT foi a primeira a implantar a paridade na sua direção, fato que nos leva a ter grandes compromissos com as demandas das mulheres trabalhadoras. Na ocasião, o Encontro da Paridade, que reuniu mais de 600 sindicalistas, discutiu políticas para mulheres do campo, da cidade, da floresta e das águas, englobando temas como violência, direitos sexuais e reprodutivos, creche pública de qualidade, igualdade salarial e a ratificação da convenção 156 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata do compartilhamento das responsabilidades domésticas.

 

Rosane Silva reitera: “não queremos paridade como número apenas, a paridade é uma política. Queremos condições objetivas para atuar no movimento sindical. E quando falamos em condições, estamos dizendo que a CUT deve incorporar esta luta no seu dia a dia, porque essa não é uma luta só de mulheres, é uma luta da Central”. Em 2012, a CUT aprovou no 11º Congresso a paridade de gênero, 50% de mulheres e 50% de homens em sua direção. Desde lá a entidade teve o compromisso de discutir as políticas e os desafios de todos e todas no próximo período.

 

A dirigente relatou que todas mulheres CUTistas construíram a paridade e o caderno de resoluções com muita unidade e solidariedade. “Portanto a gente consolida o primeiro passo para a igualdade neste momento que elegeremos a direção com paridade”. Nesta sexta (16/10) será eleita a nova direção executiva paritária da CUT nacional, que estará à frente da entidade nos próximos 4 anos.

 

Resoluções do 8º Encontro Nacional das Mulheres da CUT

 

As mulheres construíram coletivamente, durante o 8º Encontro Nacional, resoluções que incluem a defesa da Petrobrás, Reforma Política e a Democratização da Comunicação. Confira abaixo as principais resoluções:

 

– Sensibilização das direções dos ramos e sindicatos sobre a paridade

– Mapeamento da quantidade de mulheres na CUT

– Paridade nas delegações em todos os fóruns da CUT

– Secretarias de Mulheres das Estaduais devem participar da coordenação dos CECUTs

– Formação sobre o tema, para poder viabilizar a discussão de gênero nos sindicatos CUTista – com envolvimento de homens e mulheres

– Lutar por creche nos sindicatos e nas mesas de negociação

– Pensar uma política de enfretamento contra o assedio moral e sexual no movimento sindical e no trabalho

– Formação sindical – estruturar curso de formação na CUT sobre a luta feminista, abordando a luta das mulheres na CUT, com recorte racial.

– Implementação do Plano Nacional de Saúde Integral da Mulher

 

Saiba mais sobre o Concut: 

 

O 12º Congresso da CUT (Concut) foi o maior de sua história. Realizado de 13 a 17 de outubro, em São Paulo, teve quase três mil delegados nacionais, oriundos de suas organizações filiadas. O evento obteve a presença recorde de 250 delegados internacionais, incluindo os secretários gerais da Confederação Sindical Internacional (CSI) e da Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas (CSA), Sharon Burrow e Victor Báez. Entre autoridades nacionais e estrangeiras, registrou-se as presenças de Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva e Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai. Também foi muito festejada a presença do presidente da UGT-Tunísia, Houcine Abbassi, agraciado com o Prêmio Nobel da Paz de 2015, juntamente com outras três personalidades daquele país. Tudo isso fez do 12º Concut um congresso para não ser esquecido pelos cutistas.

 

DILMA, LULA E MUJICA: a presença desses três pesos pesados da política do Cone Sul, foi planejada. Ali, Dilma fez talvez o seu mais vigoroso discurso em defesa de seu mandato, ameaçado pela baixa popularidade e por forças políticas contrárias no Congresso Nacional comandadas por Eduardo Cunha, um homem cuja biografia, nas últimas semanas, vem sendo recheada por atos negativos e condenáveis. Em seu discurso, Dilma foi enfática ao dizer que esses que tramam contra o seu mandato “são moralistas sem moral”, arrancando aplausos de uma plateia rigorosamente amiga. A maioria dos delegados estrangeiros saiu impressionada. Já, antes, na reunião do Conselho Geral da CSI, realizado no Hotel Renaissance de São Paulo, fora aprovada uma moção a favor da democracia e contra golpes que subtraem a vontade do povo.

 

OUTRAS INICIATIVAS: além da reunião do Conselho Geral da CSI, foram realizados outros eventos importantes na mesma semana: no dia 13/10 um seminário internacional sobre “concentração da riqueza e o ataque aos direitos e às democracias” do qual participaram todos os líderes estrangeiros presentes e, no dia 14/10, houve a cerimônia de lançamento do Relatório da Comissão Nacional da Memória, Verdade e Justiça da CUT, onde estiveram presentes membros do Sistema Interamericano de Direitos Humanos (SIDH), entre eles, o professor Paulo Vanucci. Dentro da programação do Conselho Geral, foi realizada a reunião da Comissão Mundial de Direitos Humanos, para a qual foi convidado Laerte Teixeira da Costa, vice-presidente da UGT e membro do Secretariado da CSA.

 

PRESENÇAS NACIONAIS: todos os principais dirigentes sindicais brasileiros estiveram presentes no 12º Concut, entre eles o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT-Brasil), Ricardo Patah. Mesmo estando no espaço reservado aos delegados internacionais, Patah foi cumprimentado por Dilma Rousseff. Patah também esteve presente em um jantar reservado e especial com o presidente Pepe Mujica, com quem conversou longamente. O presidente da UGT-Brasil aproveitou o evento para se encontrar com lideranças mundiais, especialmente o Prêmio Nobel da Paz, Houcine Abbassi, dirigentes da CSC-Belga e de outras centrais europeias. Foi uma semana em que São Paulo respirou sindicalismo e a CUT aproveitou para fazer a defesa do atual governo.

 

A CUT foi a primeira a se organizar como central de trabalhadores no Brasil. Oriunda do Conclat (Congresso das Classes Trabalhadoras) em 1973, desde logo comportou uma divisão: os então moderados permaneceram no Conclat e posteriormente fundaram a CGT (Central Geral dos Trabalhadores) e esta por sua vez se dividiu em outras organizações. O outro grupo, à época considerado vanguardista, formou a CUT, que permaneceu unida em meio a muitas tendências e partidos de esquerda, tendo como lado majoritário o Grupo Articulação e o PT (Partido dos Trabalhadores). Sempre se dizendo pluralista e de esquerda, a CUT continua sendo a maior central do Brasil e uma das maiores do Ocidente. Faz parte da CSI (Confederação Sindical Internacional), que tem como presidente o professor João Felício, eleito no ano passado em Berlim. Também está na CSA (Confederação Sindical dos Trabalhadores/as das Américas), fazendo parte de sua direção (Rafael Freire Neto, professor, é membro do Secretariado da CSA). Tem, juntamente com a Força Sindical (FS), União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL) muita influência nessas duas organizações internacionais (CSI e CSA).

 

 

 

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