O rompimento da barragem em Mariana, em Minas Gerais, há doze dias, é um desastre social que, aos poucos, começa a tomar uma proporção cada vez maior do ponto de vista ambiental. Além dos onze mortos e 15 desaparecidos contabilizados até o momento, o Rio Doce, o mais importante do Estado, é a principal vítima.

 

Além das partículas de metais pesados (chumbo, alumínio, ferro, bário, cobre, boro e mercúrio) encontradas no rio por meio de análise laboratorial, a força da lama que está descendo em direção ao Espírito Santo prejudicou a biodiversidade local para sempre. Especialistas declararam que o Rio Doce pode ser considerado morto.

 

Devido à lama, o rio teve o seu curso natural bloqueado, fazendo com que perdesse força e formasse lagoas que também não devem ter vida longa. Além dos minérios de ferro, esgoto, pesticidas e agrotóxicos também estão sendo carregados pelas águas. Ambientalistas já falam na extinção de animais e plantas que só existiam ali.

 

A água do rio não tem mais utilidade nenhuma, sendo imprópria para irrigação e consumo animal e humano. Além de comprometer a fauna e a flora da região, a exploração desenfreada impactou na vida dos moradores, que por tempo indeterminado não poderão mais pescar. Segundo ambientalistas, a restauração total do rio é tida como impossível.

 

Para tentar minimizar os impactos, pescadores da região criaram uma força-tarefa. A Operação Arca de Noé quer atuar em regiões da bacia hidrográfica do Rio Doce que ainda não foram atingidos pela enxurrada, transferindo os peixes para lagoas de água limpa utilizando caixas, caçambas e lonas plásticas.

 

Para CUT, capitalismo predatório levou à tragédia de Mariana

 

A secretária de Formação da CUT, Rosane Bertotti, avalia que o rompimento da barragem em Mariana é resultado da devastação que as transnacionais impõem ao meio ambiente e aos direitos trabalhistas. “Denunciamos o massacre humano ambiental, cultural e econômico que representa o rompimento da barragem da Samarco, comandada pela Vale, em Minas Gerais, deixando um rastro de destruição e morte. Expressamos que as mesmas empresas que desrespeitam o movimento sindical são as mesmas empresas que desrespeitam a vida e o meio ambiente”, disse a dirigente em relato publicado nas redes sociais.

 

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