Analisando as relações entre o urbanismo e a luta de classes, a arquiteta Ermínia Maricato alerta para a falta de consciência sobre o tratamento das cidades como mercadorias. “A gente vive a cidade todos os dias e o dia todo, todos os habitantes. No entanto, são muito pouco conhecidas as forças que dominam e controlam as cidades”, alerta a especialista. Autora do livro Para Entender a Crise Urbana, Ermínia faz um apelo para a necessidade de combater o analfabetismo urbanístico.

 

“A cidade, além de ser uma espécie de palco onde a nossa vida se passa, além de ser um local de disputas e movimentos sociais, a cidade é uma mercadoria”, enfatiza, ressaltando a segregação espacial feita pelo mercado imobiliário especulativo. Lembrando que o mix de renda ajuda a controlar e equilibrar o preço do solo, Ermínia destaca que a segregação leva à explosão do preço do solo. A incorporação imobiliária, o capital financeiro imobiliário, o capital de construção de edificações e o proprietário da terra são os principais atores que exploram “o negócio das cidades”.

 

“É necessário que a gente compreenda, entenda, o que é a luta cotidiana pela cidade, pelo direito à cidade. Inclusive os operários precisam entender que cidade é luta de classes.” Como exemplo, a especialista cita que de nada adianta o trabalhador conquistar o aumento de salário e este acréscimo ser levado pelo aumento de transporte. “A luta do operário não é apenas por condições de trabalho e salário, é também por condições de vida urbana.”

 

>>> ARTIGO: Erradicar o Analfabetismo Urbanístico, por Ermínia Maricato sobre