“É com muito pesar e tristeza que recebemos a notícia de que a companheira de Honduras Berta Cáceres foi assassinada em sua casa”, manifestou a Marcha Mundial das Mulheres, movimento presente em 20 estados brasileiros. O crime ocorreu na madrugada desta quinta-feira (3/3). Segundo as primeiras informações relatadas por fontes locais, homens não identificados e armados invadiram a sua casa enquanto ela dormia, a mataram e feriram seu irmão.

 

Berta era líder da comunidade indígena Lenca e de movimentos de camponeses hondurenhos, defensora de direitos humanos e ativista ambiental. Como tantos e tantas outras lutadoras hondurenhas, Berta denunciou e resistiu ao Golpe em Honduras e, desde então, foi perseguida e enfrentou a criminalização. Ela não se intimidou: junto com o povo Lenca, enfrentou corporações poderosas e conseguiram recuperar seus territórios.

 

Em 2015, Berta recebeu o prêmio Goldman, considerado o Nobel do Meio Ambiente, pela luta em defesa das comunidades rurais de Honduras. A ativista sofria ameaças de morte há anos, inclusive concedeu uma coletiva de imprensa há pouco mais de uma semana na qual denunciou que quatro dirigentes de sua comunidade haviam sido assassinados e outros, incluindo ela, estavam recebendo ameaças.

 

Saiba mais:

 

A luta das comunidades indígenas Lencas, que habitam o ocidente hondurenho, é pela defesa de seu território ancestral frente à ofensiva de corporações poderosas que com projetos hidroelétricos e mineradores aprovados pelo governo sem nenhuma consulta aos moradores.

 

Berta dedicou sua vida a denunciar as expropriações e violação aos direitos humanos impulsionadas pelo governo em territórios ancestrais. Além disso, cobrou ampliação de serviços básicos de saúde e assistência rural. Sempre se colocou como feminista em defesa dos direitos das mulheres. Também não se curvou diante das tentativas norte-americanas de implementar bases militares no território Lenca, e fortaleceu a luta dos povos latino-americanos pela desmilitarização.

 

Posição da Marcha Mundial das Mulheres

 

Nós, mulheres da CUT e da Marcha Mundial das Mulheres, nos somamos a todas as organizações hondurenhas e latino-americanas e esperamos que sua morte seja investigada e que os culpados sejam punidos. As corporações não vão conseguir seu intento porque não se cala Berta nem assassinando-a. Sua luta continua com o povo Lenca, que tem toda nossa solidariedade. Nossa dor e tristeza se convertem em força para seguir a luta de Berta. Esse é nosso compromisso com todo povo que luta e resiste ao avanço das transnacionais sobre nossos territórios e corpos.

 

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!