Os fatores que levaram ao crescimento do movimento golpista no Brasil e ameaçam o governo Dilma Rousseff foram tema de debates acalorados entre arquitetos e urbanistas durante a reunião Ampliada, na manhã deste sábado (14/5), em Florianópolis (SC). Posições diferentes foram manifestadas, consolidando a relevância da divergência na formação de uma democracia plena. Um dos pontos analisados foi a interferência internacional do cenário político brasileiro e o interesse do capital estrangeiro em uma nova composição administrativa no Brasil. Além disso, a interferência da grande imprensa, principalmente da Rede Globo, no processo foi citada como agravante na condução do movimento contra Dilma Rousseff.

 

“Estou sofrendo imensamente neste momento. Há um golpe. Para fazer a mudança, temos que mostrar ao Brasil que a crise foi fabricada”, argumentou o arquiteto e urbanista Clóvis Ilgenfritz, ex-presidente da FNA. A fala ecoou nas palavras emocionadas da presidente do Saergs, Andrea dos Santos, ao comentar a repressão da Brigada Militar à manifestações contra Temer em Porto Alegre nesta sexta-feira (13/5). “O momento é de indignação. Precisamos centrar no que queremos para a arquitetura e urbanismo. Precisamos sair daqui com uma posição clara do que vamos apresentar para a nossa base. Precisamos fazer a defesa da arquitetura, da sociedade e da democracia”, convocou.

 

Em oposição, o presidente do Sindarq/PB, Fabio Queiroz, pontuou ser a favor do impeachment devido à postura adotada pela presidente. Segundo ele, a posição é referendada pelos arquitetos da Paraíba que, nos últimos meses, reuniram-se em encontros. O dirigente ainda criticou os altos custos trabalhistas no Brasil que inibem a ação empreendedora.

 

Presidente do Sinarq-RN, Vinicius Galindo, considerou que alguns aspectos foram subestimados nas alianças políticas feitas pelo governo Dilma e acabaram resultado no processo de impeachment. “A única saída é fazer o trabalho de casa na base”, sugeriu. O dirigente sugere que os sindicatos e a FNA tracem caminhos e determine pautas nos estados, propondo uma agenda política de lutas com orientação de atuação de cada sindicato na sua base. “Precisamos fugir desse fla-flu que estamos vivendo e dialogar. A briga é por participação política para decidir como as coisas vão ser”, salientou Galindo. O caminho para solidificar a ideia veio do ex-presidente da FNA Orlando Cariello: “Precisamos nos unificar para este debate, independentemente de legendas”,

 

O presidente da FNA, Jeferson Salazar, finalizou a discussão da manhã ressaltando que o debate traz divergências mas que o movimento sindical e as entidades têm características importantes. que é “saber conviver com diversidade e construir unidade”. “Isso é fundamental para que possamos ter uma discussão ampla. Nossa virtude é ter pessoas que pensam diferente. Nossa ponte para o futuro não pode ser o presente repetindo o passado”, alertou.