Acerca da polêmica gerada sobre as obras na Ponte de Pedra, monumento histórico da Capital, o Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande do Sul (SAERGS):

 

Considera que o projeto, a execução e fiscalização dos trabalhos de restauração do monumento histórico contam com a coordenação de arquitetos e urbanistas legalmente habilitados, com reconhecida experiência e especialização no ramo;

 

Manifesta preocupação com as opiniões de leigos, infundadas tecnicamente e desconhecedoras do trato adequado da proteção do patrimônio cultural;

 

Observa que, além de ofenderem os profissionais envolvidos, causam prejuízo até mesmo para a demanda social de preservação do patrimônio histórico e cultural;

 

Acredita na formação e na boa técnica praticada por profissionais arquitetos e urbanistas habilitados, cujas soluções adotadas em seus projetos deveriam ser motivo de apoio de todos os colegas, destacando em especial a atividade técnica e privativa do RESTAURO e a valorização devida ao nosso patrimônio.

 

Entenda a polêmica

 

Uma foto postada no Facebook trouxe a tona a preocupação com o futuro da Ponte de Pedra, monumento histórico da capital gaúcha. O usuário Ricardo Eckert escreveu “A Ponte de Pedra é TOMBADA. Mas para a atual gestão da prefeitura o patrimônio histórico é tratado como lixo.” . O post teve inúmeros compartilhamentos e agitou as redes sociais nesta semana.

 

Em resposta a publicação, o Prefeito José Fortunati, justificou, por meio de nota, que o arquiteto e urbanista Luiz Antonio Bolcato Custódio, coordenador da Memória Cultural da Secretaria da Cultura de Porto Alegre, garante que a Ponte de Pedra manterá seu aspecto original ao término do restauro que está sendo feito “de acordo com o que dizem as cartas internacionais, usando as técnicas contemporâneas e a as antigas no que couber”. Atualmente, o leito superior da ponte localizada no Largo dos Açorianos exibe o contrapiso com a camada de hidrofugante que receberá as pedras originais que foram retiradas para a necessária impermeabilização. Custódio visitou as obras que estão em andamento no local nesta sexta-feira, 10.

 

O coordenador da Memória Cultural da SMC esclarece a polêmica gerada por publicação em rede social que apontava a aparência do piso como mudança no equipamento histórico, o que não procede. “Num restauro, tratamos de três elementos: o tempo, a matéria e a imagem. No caso da Ponte de Pedra, teremos uma obra com grande parte da época do século 19 que são os arcos, as pedras e os pisos, e outra parte do seculo 21, que envolve reboco, impermeabilizante e a iluminação. Teremos interferencia na matéria, porque a original permanece, mas a nova agrega para recompor, buscando recuperar a imagem e a imagem não é a imagem do século 19, porque a fonte, ao longo do tempo sofreu interferências que não nos cabe remover, como os parapeitos e parte da murada que foram ampliados”, explica Custódio

 

A base da Ponte de Porto Alegre sobre o Arroio Dilúvio foi construída com uma camada de pedra e, na parte superior, com tijolos, tanto nos arcos quanto nas abóbodas. Depois foi feito o desvio e a retificação do Arroio dos Açorianos, incluindo o monumento aos povoadores portugueses e o lago sob a ponte. “Só que este lago terminou ficando mais de 1 metro acima do nível do antigo leito do Dilúvio”, lembra Custódio. Com este erro, a água ultrapassou o embasamento de pedra e atingiu meio metro da parte dos arcos de tijolos que não poderiam receber água constantemente, o que levou a uma degradação do equipamento. O restauro atual resulta de análise e diagnóstico que levaram à drenagem do leito do lago para acesso ao embasamento feito em arenito. A constatação de que o nível da água deveria ficar abaixo dos tijolos levou a Smam a fazer um projeto de reestruturação total, alcançando um nova obra de urbanização.

 

O reboco da ponte foi retirado para análise de composição do material, seguindo-se a raspagem (escarificação) das paredes e juntas a fim de que, ao se refazer o reboco à base de cal com a mesma composição original, se obtivesse uma aderência maior. A reposição do leito da ponte teve, ao longo de várias intervenções, o acréscimo até de paralelepípedos que foram unidos às pedras irregulares da estrutura original concluída em 1854. “No retirar o material, para renivelar o terreno, se viu que havia tido inflitração e que era preciso impermebealizar a parte superior da ponte antes de recolocar as pedras”, esclarece Custódio. Aos que reclamam do reboco sobre o tijolo aparente, aspecto considerado mais bonito, Custódio responde que “o tijolo original não foi feito para estar aparante porque perde a durabilidade, precisando do reboco como protetivo.”

 

O Rio Grande do Sul totaliza três pontes de pedra semelhantes. A de Mostardas, que era toda em arenito e caiu durante enchente da década de 1970 e era tombada pelo Estado, a de Ivoti e que era chamada Ponte do Imperador, toda em arenito e que foi recuperada pelo patrimônio federal, e a de Porto Alegre.

 

>>> Saiba mais sobre a história da Ponte de Pedra