O enfrentamento da crise econômica, a precarização das relações de trabalho e o desemprego são os grandes desafios dos sindicatos de arquitetos e urbanistas para os próximos meses. Além disso, a movimentação pelo fim da obrigatoriedade da Contribuição Sindical deve exigir revisão de fontes de receita e união do movimento sindical na luta pela defesa dos direitos da categoria. O diagnóstico foi feito neste final de semana, dias 8 e 9 de abril, em João Pessoa (PB), durante a Reunião Ampliada da Federação Nacional dos Arquitetos e urbanistas (FNA). O encontro anual contou com a participação de arquitetos e urbanistas de todo o país para a discussão de assuntos que impactam diretamente a atuação dos profissionais.
Uma das estratégias apontadas para o enfrentamento dos desafios presentes é a troca de experiências em âmbito regional, o que deve mobilizar as entidades no decorrer no ano. “Os sindicatos precisam estar juntos e articulados para poderem chegar até o profissional”, salientou a vice-presidente da FNA, Eleonora Mascia, que coordenou os trabalhos no primeiro dia do evento. Na ocasião, foram sugeridos, entre os grupos divididos para trabalho, novos formatos de comunicação, com ferramentas que facilitam e agilizam a interlocução no movimento sindical. Outro assunto pontuado foi a importância de garantir maior aproximação dos sindicatos com as universidades e os estudantes. Uma das ideias analisadas é a criação de alas jovens nos sindicatos.
O presidente da FNA, Cicero Alvarez, lembrou da responsabilidade dos sindicatos na representação dos profissionais no momento atual, em que se enfrenta uma grave crise econômica. “Vivemos momentos difíceis. Estamos entregando o país. É triste passar por um momento que não se achava que voltaria. Esta gestão se chama Tempos de luta não é por acaso”, frisou. Além disso, os impactos da MP 759/2016, que tramita em Brasília (DF) e trata da Regularização Fundiária Urbana, também esteve no centro das discussões. Os arquitetos e urbanistas são contrário à MP, uma vez que ela se sobrepõe e altera inúmeras outras legislações construídas pelo setor desde a Constituinte, entre elas o Estatuto das Cidades.
Durante a reunião, também foram divulgados dados do Dieese, que confirmaram que o número de postos de trabalho formal para arquitetos e urbanistas aumentou 124% entre 2005 e 2014, atingindo 54.115. Os números indicam 32.498 novos postos de trabalho, uma média de 3.250 por ano. O diagnóstico foi apontado como reflexo dos avanços da construção civil na última década. Contudo, em 2015, registrou-se decréscimo com perda de 4.497 postos em apenas um ano. Sobre a renda média dos profissionais de Arquitetura e Urbanismo, o rendimento nominal passou de R$ 2.837,00 em 2005, para R$ 5.714,00 em 2015, aumento de 101%. Considerando a inflação de 88,43% no período, o ganho real acumulado é de 6,9%.