O 41º Encontro Nacional de Sindicatos de Arquitetos e Urbanistas (ENSA) começou com um debate sobre a conjuntura atual do país, que vive um período de mudanças e adaptações trazidas pela reforma trabalhista. O primeiro palestrante, Clemente Ganz Lúcio, representante do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), falou sobre as perdas e o desafio para o trabalhador e para o movimento sindical no novo cenário.

De acordo com o palestrante, já foram realizadas 642 reformas trabalhistas em outros países, assim como no Brasil. Todas, segundo ele, têm como pontos trabalho intermitente, flexibilidade no custo de trabalho, entre outros. “Estamos vivendo no Brasil, por exemplo, o que a Alemanha viveu no pós-guerra, só que sem termos tido uma guerra”, afirmou. Ele destacou, ainda, que o Brasil, junto com o México, são os únicos países na América que fizeram a reforma, e que países como Argentina, Chile e Peru, por exemplo, já estão mobilizados para fazer reformas.

Lúcio destacou também que as reformas fazem parte de um projeto do atual governo que terá custos severos para os cidadãos brasileiros e o próprio país. Além disso, ele citou riquezas como a do solo, as quais fazem parte das “entregas fundamentais que ninguém está dando bola, que ninguém sabe que está acontecendo”, o que preocupa e exige mobilização. “O Brasil tem a maior reserva de água potável do planeta debaixo do seu solo”, afirmou, ressaltando que as disputas futuras estão ligadas fundamentalmente com esse tipo de riqueza. “O Brasil está vendo a sua soberania indo embora”.
Após a reforma trabalhista, ele ressaltou que o papel dos sindicatos é mais importante do que nunca e que é preciso uma atuação conjunta e que pense em integrar a juventude. “Se nós queremos essa força de trabalho possa ocupar o sindicato, temos que ver o que a juventude pode fazer para o sindicato”, salientou.

Além disso, o palestrante citou como perdas vindas junto com a reforma as alterações no salário, organização sindical e na proteção da Justiça do trabalho. “Fizemos a reforma, agora temos que pensar para frente. Tenho dito que a reforma trabalhista abriu as portas do inferno”, disse, ressaltando a necessidade da negociação coletiva junto com o sindicato e do contato com o setor patronal e pensar no setor de serviços.