A preocupação com o futuro das novas gerações e os caminhos tortuosos do neoliberalismo conduziram a palestra da presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, durante o 41º ENSA, em Belo Horizonte. Em uma reflexão inquietante, a jornalista falou sobre as formas como a sociedade vem aceitando mudanças drásticas em todas as suas relações sejam sociais, familiares ou sindicais. Citou os filósofos Pierre Dardot e Christian Laval para ponderar que o neoliberalismo não é apenas uma doutrina econômica ou ideológica, mas funciona como “uma nova racionalidade global, difusa e subterrânea”. Maria José criticou o estímulo desenfreado à competitividade que está presente em todos os processos, da escola ao mercado de trabalho, passando pelas competições esportivas. “A juventude precisa mudar a cabeça, senão vai morrer de fome. O objetivo é tornar todos escravos”, alertou.

Frisou que o modelo capitalista está baseado em atribuições de culpa aos trabalhadores. “Quando venho a encontro de sindicalistas, sempre há a hora da chicotada. Dizemos que a culpa é sempre nossa. Faz parte da estratégia culpabilizar o trabalhador, inclusive por não ter emprego”. Criticou a defesa do estado mínimo, salientando que ele só é, realmente, mínimo para questões sociais. “Mas é máximo para favorecer a acumulação do capital”, disparou.

Como presidente da Fenaj, lembrou da grande capilaridade e poder de influência da mídia, criticando manobras políticas de grandes conglomerados que operam por meio de uma forte rede de afiliados. A grande imprensa, pontuou ela, “é elitista e partidarista” e foi agente de um movimento de criminalização dos movimentos sociais e ataque às entidades sindicais nos últimos tempos, culminando no golpe. Essas entidades, completou a sindicalista, atuaram em um grande movimento de silenciamento da classe trabalhadora, que também contou com a eliminação de direitos básicos como estratégia para tirar da população uma condição de reflexão.