Arquitetos e urbanistas, empresas da construção civil e representantes do governo federal participaram do Seminário BIM: Oportunidade para inovar a indústria da construção e aumentar a transparência das compras públicas, no dia 15 de março, em Brasília. O objetivo do evento, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e Senai Nacional, foi debater a implantação da Metodologia BIM (Building Information Modeling ou Modelagem da Informação da Construção em português) no Brasil. O método de trabalho reúne, por meio de ferramentas digitais, todas as informações que dizem respeito à construção de um edifício.

Um dos palestrantes do seminário, que reuniu convidados internacionais, foi o consultor estratégico libanês Bilal Succar, mestre em Arquitetura e Gestão e especialista em BIM. “É importante entender que BIM é a expressão atual da inovação nessa indústria. Se quisemos discutir transformação na indústria da construção, será inevitável falar de BIM, que é um passo obrigatório em direção à transformação digital, à modificação dos hábitos atuais em direção a um futuro melhor, com menos desperdícios, com maior produtividade e mais transparência”, disse Bill, destacando que o Brasil está progredindo na implantação da ferramenta.

Especialista em BIM, Bilal Succar palestrou no seminário [Foto: Guilherme Kardel/Cbic]

O CAU/BR esteve presente no evento, representado pelos conselheiros federais Emerson Fraga (MA) e Fernando Márcio de Oliveira (SE), coordenador da Comissão de Relações Internacionais. “Tudo indica que o governo federal vai lançar, no final de maio, o BIM no Brasil para obras públicas”, adiantou Fraga, destacando que a implantação da tecnologia será gradual. Segundo ele, o BIM traz a possibilidade de o arquiteto voltar a ser o coordenador da obra, “conquistando algo que já foi de fato de nossa categoria”. Oliveira acrescentou que é importante que o CAU/BR discuta com os profissionais a importância da implementação de novas tecnologias que possam garantir obras mais bem executadas no prazo correto e com orçamentos precisos.

O seminário foi dividido em três painéis: Educação e Capacitação; Implementação na Indústria da Construção; e Oportunidades do BIM em Compras Públicas. Os painéis 1 e 2 podem ser assistidos aqui e o painel 3 está disponível aqui.

O uso de BIM nas licitações

No painel que abordou “Oportunidades do BIM em Compras Públicas”, foram apresentados casos de implantação do BIM em órgãos governamentais, como o da Estação Ponte Grande – linha 2 do Metrô de São Paulo, finalizado em 2015, que envolvia sete modelos BIM. De acordo com Ivo de Barros Mainardi Neto, do Metrô São Paulo, uma das organizações públicas mais avançadas no uso do BIM, a utilização de modelos inteligentes aumentou a qualidade dos projetos e das soluções construtivas, facilitando a coordenação das diversas disciplinas. “Com BIM a gente conseguiu entregar um projeto significativamente mais bem estruturado, coordenado e definido”, disse Neto.

Rafael Fernandes Teixeira da Silva, da Secretaria de Planejamento do Estado de Santa Catarina, comentou a experiência do estado, pioneiro no uso do BIM. Segundo ele, Santa Catarina começou a pensar em BIM como uma potencial resposta aos problemas constatados nas obras, como atrasos nas entregas e erros nos projetos e especificações, que causaram custos adicionais na execução dos empreendimentos. “O estado erra muito na fase inicial dos empreendimentos, no levantamento de informações e na definição dos requisitos, entre outros”, mencionou.

Ricardo Grisólia Esteves, da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), de São Paulo, comentou que, apesar das dificuldades observadas, a utilização do BIM pela FDE está valendo a pena. “Nossa visão é que o BIM será utilizado também na manutenção das escolas já construídas”.

Sobre a visão do governo na aplicação do BIM nos setores público e privado, o diretor do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e representante do Comitê Estratégico do BIM (CE-BIM), Nizar Lambert Raad, ressaltou a importância da aplicação dos processos BIM. “O BIM vai melhorar a qualidade das obras, reduzir desperdícios, dar mais transparência nas contas públicas, mais ênfase no planejamento, confiabilidade nas estimativas de custos e cumprimentos dos prazos, bem como menor incidência de erros e imprevistos tanto nas obras quanto na redução de aditivos”.

Com informações dos sites do CAU/BR e Cbic