A Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) manifesta apoio aos servidores da Fundação Piratini – TVE e FM Cultura, de Porto Alegre (RS), que, em mais um capítulo do processo de desmonte da emissora pública estadual, têm passado por realocações. De acordo com o relato dos funcionários, as transferências utilizam supostos critérios políticos. Recentemente, foi divulgada uma lista com 42 nomes de funcionários que serão realocados para outros órgãos do governo.

Na lista de realocados estão repórteres, editores, produtores de rádio e TV. “Muitos estudaram Comunicação Pública ou TV e Convergência Digital em seus mestrados e especializações. Alguns são ganhadores de importantes prêmios de Jornalismo. Outros são reconhecidos pela qualidade dos programas que produzem na FM Cultura e na TVE”, relatou o Movimento dos Servidores da TVE e FM Cultura por meio de nota publicada nas redes sociais.

“É extremamente questionável que o governo de um Estado tome providências como esta. Tal medida mostra o descaso com o acesso da população à uma programação cultural e educativa”, lamenta o presidente da FNA, Cicero Alvarez. O dirigente ressalta, ainda, a importância histórica da TVE enquanto emissora pública que oferece conteúdo de qualidade. “A medida prejudica trabalhadores que se dedicaram a realizar um concurso e, posteriormente, a buscar a qualificação necessária para desenvolver uma programação de qualidade”, acrescenta.

No documento, consta ainda que servidores que representaram os funcionários no Conselho Deliberativo, membros da Cipa e uma sindicalista também serão realocados. Há grandes indícios de retaliação política, pois na lista constam nomes de funcionários que denunciaram publicamente o processo de desmonte e lutaram para defender a causa da Comunicação Pública, participando de debates, dando entrevistas, conversando com deputados ou compartilhando as publicações do Movimento dos Servidores.

Diante destas constatações, os funcionários questionam qual o critério das realocações. Segundo o Movimento dos Servidores da TVE e FM Cultura, em reunião com os presidentes dos Sindicatos dos Jornalistas e dos Radialistas, o estudante de jornalismo e presidente da Fundação Piratini, Orestes de Andrade Jr, não apresentou nenhum critério para a escolha dos realocados, mas admitiu que as redes sociais dos funcionários foram vasculhadas. Entretanto, garantiu que “compatibilidade política” não foi levada em conta para definir as realocações.

A lista prevê, ainda, a transferência de uma gestante, de um servidor acidentado que está afastado pelo INSS, de uma Pessoa Com Deficiência e de quatro funcionários cuja estabilidade foi reconhecida pela PGE. No total, contabilizando também os que aderiram ao Plano de Demissão Voluntária (PDV), já são 90 funcionários a menos. Tal medida acarretará na saída de quase 90 trabalhadores – redução do quadro pela metade. Os servidores temem que o próximo passo seja a terceirização da programação.