O desmonte das políticas públicas e a precarização das relações de trabalho nortearam os debates do final da manhã deste sábado (14/4) durante a Reunião Ampliada da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), que ocorre até domingo (15/4), em Brasília. O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira, falou sobre a queda “vertiginosa” do financiamento habitacional. Segundo o dirigente, os bancos privados não têm demonstrado interesse em expandir atuação em locais que precisam destas políticas, citando como exemplo a região Nordeste.

O arquiteto e urbanista Jorge Hereda, ex-presidente da Caixa Econômica Federal, contribuiu com o debate comentando sobre o modelo de “pensamento único” e a dicotomia do bem e do mal”, ressaltando a importância de refletir sobre este momento. “É uma questão ideológica e nós abandonamos a análise desse aspecto das situações. A luta de classes não acabou”, aponta Hereda. “A nossa categoria não pode ter o pensamento de que ‘isso não é comigo’ e nós temos a obrigação de levar esta discussão sem viés partidário. É importante a contribuição dos arquitetos e urbanistas para discutir o país”, conclui.

Sobre a precarização das relações de trabalho, a advogada da FNA, Cristiane Maia, enumera algumas medidas que contribuíram para o cenário. Entre elas, cita a lei da terceirização, a reforma trabalhista e uma portaria do Ministério do Trabalho que permite que os grandes empresários não respeitem direitos fundamentais. “A reforma trabalhista determina que deve prevalecer o princípio da autonomia da vontade, favorecendo o que for estabelecido entre o trabalhador e o empregador, ignorando a convenção coletiva”, exemplificou. Na lista de reflexos negativos decorrentes da reforma, consta ainda a insegurança jurídica, o aumento do desemprego e a desvalorização sindical.

O debate foi mediado pelo arquiteto e urbanista José Carlos Neves Loureiro, diretor da FNA.