A história do Assentamento 20 de Novembro, localizado no 4º Distrito, região próxima ao Centro de Porto Alegre (RS), está prestes a ter um novo capítulo. Após anos de ocupação pelo Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), o edifício, que é de propriedade da União com direito de uso para habitação de interesse social, será recuperado. No ano passado, as 17 famílias que lá residem participaram da elaboração de projeto que prevê inúmeras melhorias, incluindo a criação de espaços destinados ao lazer e à geração de renda.

Imagem: AH! Arquitetura Humana

O projeto para as moradias é financiado pela Caixa Econômica Federal, através do programa Minha Casa Minha Vida Entidades sob gestão da Cooperativa 20 de Novembro. As intervenções na área de sustentabilidade ambiental serão viabilizadas por meio do projeto de assistência técnica Morar Sustentável, do Sindicato dos Arquitetos do Rio Grande do Sul (Saergs) com patrocínio do CAU/RS. O projeto encontra-se em fase final de aprovação pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

Imagem: AH! Arquitetura Humana

“Foi um aprendizado muito grande definir as prioridades com a participação dos moradores, que ajudaram no planejamento do espaço”, relatou a arquiteta e urbanista Paola Maia Fagundes, uma das profissionais responsáveis pelo projeto arquitetônico concebido pelo escritório AH! Arquitetura Humana.

Imagem: AH! Arquitetura Humana

Um dos diferenciais, relata o arquiteto e urbanista Franthesco Spautz, é o reaproveitamento de alguns materiais disponíveis no local, como tijolos. Também participaram da elaboração do projeto os arquitetos e urbanistas Karla Moroso, Paulo Bicca e Taiane Chala Beduschi, todos do AH! Arquitetura Humana. Com o apoio do Saergs, os profissionais farão um diagnóstico socioambiental do assentamento como foco na economia solidária.

Imagem: AH! Arquitetura Humana

O prédio, que tem 2,9 mil metros quadrados, terá creche, cozinha e lavanderia comunitárias, além de área destinada à geração de renda, para auxiliar nas taxas condominiais, e sala de reuniões. No pátio, está prevista uma área chamada “largo cultural” para a realização de eventos que também vão gerar renda.

Foto: Ela Loss

“É um espaço aberto para que as pessoas possam realmente utilizar”, descreveu Paola. O resultado é um projeto participativo, que contempla a integração dos moradores. Após a obra, o lugar terá condições de abrigar 40 famílias em apartamentos de um e dois dormitórios, possibilitando ampliar o aproveitamento do edifício para habitação de interesse social.

Abandonado há quatro décadas, o prédio foi planejado para ser um hospital na época da ditadura militar. Entretanto, a obra nunca foi concluída.