Itamaraty, Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal, Catedral Metropolitana, Teatro Nacional, Cine Brasília, Hospital Sarah Kubitschek, Aeroporto Internacional de Brasília. Esses são apenas alguns dos inúmeros espaços públicos onde o pintor, escultor e desenhista Athos Bulcão deixou sua inconfundível marca em centenas de obras espalhadas pela capital federal. Com seus padrões geométricos e painéis de azulejos característicos, Bulcão transformou a cidade onde viveu grande parte de sua vida em uma espécie de grande galeria pessoal. Em homenagem ao artista plástico, que teria completado 100 anos na segunda-feira (2/07), duas exposições celebram sua contribuição às artes e à arquitetura.

Aberta na terça-feira (3/07) pelo Senado, a mostra Athos Bulcão: arte e integração reúne 16 obras do artista, entre projetos originais, gravuras e azulejos emoldurados. Organizada em parceria com a Fundação Athos Bulcão e localizada na Senado Galeria, a exposição ficará aberta ao público até 29 de julho. No período, também será possível participar de uma visita especial ao Congresso para conferir os trabalhos de Bulcão expostos nas duas Casas do Legislativo (os interessados devem agendar no site www.congressonacional.leg.br/visite).

Entre as obras de Bulcão integrantes do acervo do Congresso, destaca-se um painel vermelho em madeira com figuras geométricas que compõe uma parede divisória do Salão Nobre do Senado, destinado a solenidades. No Salão Negro, uma parede em mármore branco, intercalada por desenhos retangulares em granito negro, também leva a assinatura do artista.

Em outra parede do Senado, Bulcão criou azulejos em branco e azul. Em dois andares, a parede compõe o jardim de inverno da sala da Presidência e se estende até a área onde está situada a Secretaria-Geral da Mesa. Nas paredes laterais em frente à Ala Senador Teotônio Vilela, que concentra gabinetes de senadores, dois painéis vermelhos em madeira criados pelo artista criam um efeito de luz e sombra.

Na Fundação Athos Bulcão, o centenário é celebrado com uma exposição de fotografias de obras do artista assinadas por Rui Faquini, Zuleika de Souza e Girafa, entre outros.  A instituição também lançou um conjunto de lenço e azulejo comemorativo, uma coleção de copos com motivos do painel da Igreja Nossa Senhora de Fátima – obra mais conhecida de Bulcão – e um móbile do artista Marcelo Berquó.

Nascido no Catete, Rio de Janeiro, em 2 de julho de 1918, Bulcão morreu 31 de julho de 2008, aos 90 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Foi amigo de alguns dos mais importantes artistas brasileiros modernos, como Carlos Scliar, Jorge Amado, Pancetti, Enrico Bianco, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Ceschiatti e Manuel Bandeira, entre outros que influenciaram sua formação.

Em 1939, aos 21 anos, foi apresentado ao pintor Candido Portinari, com quem trabalhou como assistente no Mural de São Francisco de Assis na Pampulha.  Sua primeira exposição individual ocorreu em 1944, na inauguração da sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), no Rio. Em 1955, iniciou uma parceria com o arquiteto Oscar Niemeyer e, dois anos depois, participava da força-tarefa que construiu e decorou a nova capital do país.

Foto: José Cruz/ Agência Senado