Texto: Patrícia Feiten

O jornalista Johnny Harris, do site de notícias americano Vox, viaja pelo mundo desde 2017 para captar o impacto que as fronteiras têm sobre as pessoas. Seu projeto, denominado Vox Borders, já produziu documentários sobre Japão e Svalbard, República Dominicana e Haiti, Estados Unidos e México, Espanha e Marrocos, China e Nepal. Em seu último trabalho, o jornalista produziu uma série de vídeos sobre Hong Hong, onde registrou aspectos da arquitetura urbana e o fenômeno das casas-cubículos. Os documentários podem ser vistos na página do jornalista no Facebook (https://www.facebook.com/VoxBorders) e também estão disponíveis no Youtube.

Dos cinco vídeos documentais de Hong Kong, How Feng Shui shaped Hong Kong’s skyline mostra, em cinco minutos, a influência do feng shui nos projetos arquitetônicos e na paisagem urbana, marcada por arranha-céus que apresentam “janelas” no meio da estrutura, conhecidas como “portais de dragão”.

A parte mais impactante, porém, é o vídeo final da série, “Inside Hong Kong’s cage homes”, que investiga o mercado imobiliário da cidade, considerado o mais caro do mundo. De acordo com o documentário, dezenas de milhares de habitantes de Hong Kong se espremem em apartamentos minúsculos entre 75 e 140 pés quadrados (de 7 a 13 metros quadrados) – dimensões que o jornalista compara às de uma vaga em um estacionamento nos Estados Unidos, de 120 pés quadrados (11 m2).

Diante dos preços exorbitantes, a opção para os mais pobres é subdividir ilegalmente a casa em inúmeros quartos e compartilhar espaços comuns, como cozinha e banheiro, com outras famílias. Nos casos mais dramáticos, os moradores vivem em casas-caixão – quartos minúsculos onde só há espaço para uma pessoa e alguns pertences – ou gaiolas de arame empilhadas umas sobre as outras. O vídeo está disponível com legendas em português no link https://www.youtube.com/watch?v=hLrFyjGZ9NU.

Divulgado em janeiro, um estudo realizado pela consultoria Demographia mostrou que, há oito anos, Hong Kong é a cidade com imóveis menos acessíveis no mundo. O levantamento analisou 293 regiões metropolitanas em nove países: Austrália, Canadá, Cingapura, Hong Kong, Irlanda, Japão, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos no trimestre de 2017. Como metodologia, comparou o salário médio das famílias ao preço médio dos imóveis. Em Hong Kong, quem deseja comprar um imóvel deve pagar um preço equivalente a 19,4 vezes a sua renda média – o maior patamar já registrado na pesquisa.

Fotos
Destaque: prédios residenciais em Hong Kong (shih-wei/iStock)
Ao alto e acima: reproduções (Vox/Youtube)
Centro: prédio com portal do dragão em Hong Kong (PeJo29/iStock)