Aprender com o Sistema Único de Saúde (SUS) e não ter medo de entrar nas comunidades, foi assim que o arquiteto e urbanista Luiz Sarmento, responsável pela instalação do BrCidades no Distrito Federal, iniciou o debate sobre política profissional e habitação social na tarde desta sexta-feira (11/10) no Centro Cultural da Ufrgs. O tema foi alvo de debates no 21° Congresso Brasileiro de Arquitetos, realizado em Porto Alegre (RS). Para Sarmento, o papel da assistência técnica nas comunidades não é fazer o projeto das moradias, mas realizar obras. “Se o projeto não sair do papel, haverão muitas obras sem projeto”, disse e lembrou que a profissão é muito elitizada.

Na oportunidade, Sarmento apresentou dados que comprovam a atual situação da habitação social brasileira e ainda ressaltou que a expectativa de vida de quem mora em comunidades é menor. “Fazer assistência técnica é algo complexo, é preciso vencer os riscos e as distâncias porque as favelas não possuem fácil acesso”. Nesse sentido, o administrador  Fernando Assad, idealizador do Programa Vivenda,  ressaltou que as obras são sempre contínuas dentro das famílias de baixa renda porque elas não conseguem financiamento para fazer tudo de uma só vez. “O arquiteto das comunidades muitas vezes é o pedreiro ou até mesmo o balconista da loja de material de construção”, frisou. Assad ainda ressaltou que assistência técnica não é coisa para estagiário fazer, é preciso ter cautela e responsabilidade.

De acordo com a arquiteta e urbanista Karla Moroso, sócia-proprietária do escritório Arquitetura Humana, a assistência técnica começa antes do projeto e da obra. “O arquiteto tem que ser o protagonista e assumir os riscos”, ponderou. Karla destacou que a assistência técnica é pública e gratuita para quem paga, mas não para quem presta o serviço e que, por isso, é preciso lutar para que as leis sejam cumpridas. “É necessário esforço, pois os governos não prestam atenção nas garantias de direto da população e nós estamos aqui para que as pessoas tenham a oportunidade de contratar um arquiteto”.

Foto: Stéphany Franco