O Mestrado Profissional em Conservação e Restauração de Monumentos e Núcleos Históricos da Universidade Federal da Bahia (MP-CECRE UFBA) é o mais antigo curso em funcionamento no Brasil voltado à preservação do patrimônio cultural edificado. De fato, tem uma longa e intensa trajetória. Criado em 1974 em nível de Especialização e sediado no Centro de Estudos de Arquitetura da Bahia (CEAB) da Faculdade de Arquitetura (FAUFBA) desde 1981, hoje soma 45 anos de experiência e formação na área, voltado exclusivamente a arquitetos urbanistas e engenheiros civis.
O upgrade ocorreu em 2009, quando foi reconhecido pela CAPES e transformado em Mestrado Profissional, com a primeira turma iniciada em 2010. A contribuição para estudantes, profissionais, mercado de arquitetura e patrimônio cultural brasileiro rendeu ao curso o título de um dos mais importantes programas mundiais para a capacitação de técnicos na área de preservação via Organização das Nações Unidas para a educação, Ciência e a Cultura (Unesco). Neste ano, o curso também é homenageado com o Prêmio FNA 2019, indicação feita pelo coordenador do Arquitetos DF, arquiteto e urbanista Danilo Matoso. Os representantes do MP-CECRE receberão o troféu durante o 43º ENSA – Encontro Nacional de Sindicatos de Arquitetos e Urbanistas, em Salvador/BA.
Com duração de dois anos, com aulas presenciais pelo período de um ano e meio, o MP-CECRE é gratuito e recebe profissionais brasileiros e estrangeiros com e sem residência no Brasil. “Temos uma grande abrangência geográfica, o que inclui alunos de outros estados e de países da América Latina e de língua portuguesa, como Colômbia, Equador, Bolívia, Cuba e por vezes México, Haiti e até mesmo Portugal, Cabo Verde, Angola e Costa do Marfim”, afirma Juliana Nery, coordenadora do Mestrado. Embora o número de vagas para estrangeiros seja limitado a 20%, esse percentual pode ser maior caso as vagas não sejam preenchidas por brasileiros.
Juliana conta que neste ano o curso trouxe uma novidade no processo de seleção, outro fator que o diferencia dos demais mestrados em conservação e preservação do país. A seleção dos alunos sempre foi pautada por propostas de trabalho em objetos de interesse de preservação com necessidades de intervenção apresentadas pelos candidatos. “Agora mudamos a seleção especificamente neste quesito. Depois de selecionado, o candidato terá que escolher o objeto de trabalho a partir de indicação dos órgãos públicos de preservação como o exemplo do IPHAN que disponibilizou uma lista com mais de 130 opções em todo o Brasil “, explica Juliana, destacando que o produto de conclusão do curso não é uma dissertação, mas um trabalho propositivo que, ao final, pode ser cedido para ser efetivamente executado. “Temos essa parceria com o IPHAN e queremos fortalecê-la ainda mais para que os projetos entregues ganhem cada vez mais possibilidade de execução com base na própria demanda do órgão”, afirma a coordenadora do MP-CECRE.
Restauração do Convento de Santa Teresa de Carmelitas Descalzas, projeto realizado para a Escola Superior de Arte, em Cochabamba, Bolívia. Autora: Alicia Gabriela Barrientos (2014/2015)
O corpo docente do MP-CECRE é formado por professores com vasta experiência na produção acadêmica e prática na área de conservação e restauração de monumentos e núcleos históricos, com carreiras que se destacam no Brasil e no exterior. Entre eles estão os professores Mário Mendonça e Paulo Ormindo de Azevedo, ativos do quadro permanente do curso, que mesmo aposentados da FAUFBA, permanecem como referência e mantêm intensa atividade na área.
Fotos: Arquivo Pessoal MP CRECE / UFBA/ Foto principal: Projeto Casa da Torre Garcia D’Ávila, Praia do Forte, em Salvador/BA. Autor: Ubirajara Avelino de Mello (1996)