Trilhando um paralelo entre os argumentos defendidos pelo nazismo e o movimento de extrema direta que se instala em diversos países, entre eles o Brasil, arquitetos e urbanistas reuniram-se para assistir, na noite desta sexta-feira, o filme Arquitetura da Destruição, de Peter Cohen. Após verem a cenas que relatam trechos da história da Alemanha pré-nazista no que diz respeito à arte, à cultura e à arquitetura e traços da personalidade de Adolf Hitler que resultaram no massacre de milhões de pessoas, os participantes deram início a um debate acalorado sobre os rumos do governo brasileiro e de recentes e sucessivas posições divulgadas pelo governo Jair Bolsonaro.

A mesa de debates foi conduzida pelo arquiteto e urbanista e vice-presidente da FNA, Edinardo Lucas, e pela arquiteta e ex-vice-presidente da FNA Clara Ant. Em manifestação emocionada, ela conta que resolveu propor o debate para a agenda do ENSA em função de recente manifestação do secretário de Cultura, Roberto Alvim, em discurso proferido na Unesco que desqualificou a produção cultural brasileira das décadas recentes sob o argumento de que foi uma “dominação cultural da esquerda”, algo semelhante ao que o filme relata ter sido a argumentação nazista para criminalizar a arte moderna.  A difícil tarefa de ler a manifestação do ministro ao plenário ficou a cargo do ex-presidente da FNA, Ângelo Arruda.

Clara falou sobre a origem de sua família na Polônia e pontuou que “o conhecimento, a educação e a cultura são inimigos dos governos autoritários, que não toleram a democracia, a diversidade, a pluralidade”.

Edinardo Lucas chamou a atenção para o uso da arte como ferramenta para “transver o mundo”, como alerta Manoel de Barros em sua poesia. “É necessário repensar e modificar as formas de fazer política e o movimento sindical. E só a arte pode dar a leveza necessária para prosseguir na luta pelos direitos de trabalhadoras e trabalhadores”, ressaltou.

 Foto: Carolina Jardine