por Danilo Matoso
#TribunaLivreArqDF

Quando de seu surgimento, no século 16, o protestantismo reformava a fé cristã sobretudo por meio da interpretação direta da bíblia pelo fiel. Aboliam-se santos e a intermediação sacerdotal, abolia-se o culto a imagens. O governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) lançou no último dia 18 a pedra fundamental do “Museu da Bíblia” na área no Eixo Monumental de Brasília. Ao fazê-lo, ironicamente, canonizou “São Oscar Niemeyer” em nome dos evangélicos. A obra seria executada a partir de um croquis sumário elaborado na década de 1980 por nosso arquiteto maior, falecido em 2012. Como é sabido no meio profissional, o desenvolvimento de um projeto e o acompanhamento da execução da obra são parte de sua concepção. A execução de qualquer obra de arquiteto falecido não pode ser tomada senão como falsificação ou, no melhor caso, uma alegoria da ideia apenas esboçada pelo autor, mas não levada a cabo. Com a obra, o governador pretendia fazer um afago ao seu amplo eleitorado evangélico, mas acabou perpetrando uma ofensa não apenas aos religiosos, como também à toda a categoria dos arquitetos e à população de Brasília.

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Danilo Matoso é arquiteto e urbanista e diretor coordenador do Sindicato dos Arquitetos do Distrito Federal.

Crédito: Cortesia Niemeyer Arquitetos Associados