No Rio Grande do Sul, apenas 4% das prefeituras municipais são ocupadas por mulheres. O dado foi exposto pela presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina (CAU/SC), Daniela Sarmento, na abertura do Ciclo de Debates – Cidades Inclusivas para Mulheres, que ocorreu nesta quinta-feira (30/01). O evento, promovido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do RS (CAU/RS), debateu o espaço das mulheres na política urbana no Brasil e reuniu um público majoritariamente feminino no Palácio da Justiça, em Porto Alegre (RS). A Secretária de Educação, Cultura e Comunicação Sindical da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Fernanda Lanzarin, acompanhou o debate.

De acordo com Daniela, o Brasil possui uma maioria populacional feminina, representando 51,5% dos habitantes, mas ainda conta com espaços restritos na vida pública e profissional. Para a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL), que integrou o quadro de palestrantes, quando se fala em minorias, não é sobre minoria social mas, sim, minorias de direitos. “Tratar desiguais como iguais acaba reproduzindo desigualdade. Mulheres são a maioria em população, mas são as que mais sofrem com fatores como o desemprego”, afirmou a parlamentar.

Outra convidada para contribuir com o debate foi a atual prefeita do município de Dois Irmãos (RS), Tânia Teresinha da Silva (MDB). Segundo ela, o profissional de Arquitetura e Urbanismo tem um papel importante de empatia dentro das cidades. “Queremos um bolo tributário melhor dividido entre governo federal, estadual e municípios”, ressaltou. Tânia ainda destacou como está o cenário atual do Vale dos Sinos na política feminina brasileira. “Na região, somos seis prefeitas eleitas e todas representando muito bem as suas cidades”, ponderou.

A secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão do RS (Seplag), Leany Barreiro de Sousa Lemos, apresentou os dados de 2019 do quadro de servidores públicos do Estado gaúcho. Dos 120.700 mil servidores ativos do Poder Executivo, 74.750 mil são mulheres. Em relação aos cargos de chefia, 57% são ocupados pelo gênero feminino. Segundo Leany, esses números “são resultados de uma política cultural do magistério”, onde cerca de 90% é ocupado por professoras.

Para a secretária da FNA, falar sobre políticas públicas para mulheres contribui com os diagnósticos para problemas culturais enfrentados por essa parcela da sociedade. “Atualmente, o espaço público não pertence às mulheres, assim como os espaços de decisão política. A cidade percebida pelo homem é diferente da cidade percebida pelas mulheres, no que diz respeito à segurança, acesso e participação. É necessário ampliar essa problematização para que esse cenário seja compreendido por toda a sociedade”, disse Fernanda.

O Ciclo de Debates é um evento preparatório para o 27º Congresso Mundial de Arquitetos (UIA2020RIO), realizado neste ano no Rio de Janeiro (RJ). Além disso, servirá como base para a consolidação de políticas para a equidade de gênero no CAU e para a construção de cidades que atendam às necessidades das mulheres. O Ciclo já foi realizado em Florianópolis (SC), Salvador (BA) e Curitiba (PR) e ocorrerá em outras capitais até março.

Foto: Letícia Breda