O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) manifesta seu constante comprometimento na defesa da diferença, da liberdade e dos direitos da comunidade LGBTQIA+. Em 28 de junho celebramos o Dia de Luta contra a LGBTQIA+ fobia. A data faz referência à revolta de Stonewall, em Nova Iorque, no ano de 1969, que começou a dar um basta a décadas de perseguição policial e criminalização da comunidade. No Brasil, apenas na segunda metade dos anos 70 se estabelece uma luta pelo reconhecimento de direitos, com o surgimento do Grupo de Afirmação Homossexual Somos. Mas a histórica privação do ambiente público imposta à comunidade LGBTQIA+ forçou uma guetificação até hoje não reparada.
Foram longos golpes e difíceis anos para que a população LGBTQIA+ passasse a ter reconhecimento social e familiar de seus modos de viver. Ainda assim, o preconceito e a violência reverberam até hoje, atualizados em piadas e brincadeiras de mau gosto, opiniões baseadas em preconceitos, perseguição institucional, diminuição das condições humanas, prejulgamento, desconfiança, hostilidade, violência física, em muitos casos, letal. Hoje, no Brasil, ultrapassamos a média de uma morte por dia motivada pela orientação sexual da vítima. Trata-se do país com a maior taxa de homicídios deste tipo no mundo. A expectativa de vida de uma pessoa transexual, por exemplo, é menos que a metade daquela da população em geral.
Uma maneira infelizmente comum de silenciar a voz daqueles que lutam por uma cidade mais justa é dizer que esta não deveria ser a luta de uma entidade de classe, como o IAB. E de fato, a vida daqueles fora da heteronormatividade não existe no léxico da teoria da Arquitetura e Urbanismo dominante, mostrando que a profissão a considera fora do escopo e do alcance do nosso trabalho. Mas a lógica das cidades que construímos mata.
Precisamos questionar de que maneira o trabalho de arquitetos, arquitetas e urbanistas mantém a prerrogativa heteronormativa opressora que contribui para a propagação da violência de grupos dominantes. Por isso o IAB entende como um dever da classe não apenas apontar e sublinhar a letalidade dessa lógica perpetuada em nossos tecidos urbanos, mas investigar maneiras alternativas, mais plurais e mais justas, de construir o espaço das nossas cidades que deveriam ser de todos, de todas e de todes.
A luta pelo fim do preconceito e pela inclusão dessa população outrora criminalizada exige reparação histórica. É passada a hora de promover cidades plurais, garantindo a liberdade do desejo e o direito à vida segura e digna das diversas populações que nelas habitam, sejam Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queer, Intersexuais, Assexuais, Agêneros, ou aqueles que praticam qualquer outra forma de amar e de se identificar.
Fonte: IAB