A Comissão Temporária de Equidade de Gênero do CAU/BR divulgou em 31 de julho, durante a 103ª Plenária Ordinária, o 1º Diagnóstico de “Gênero na Arquitetura e Urbanismo”. Realizado on-line, de julho de 2019 a fevereiro de 2020, o levantamento foi respondido por 987 profissionais, sendo 767 mulheres e 208 homens, com uma margem de erro de 3,11%, para mais ou para menos.
Do total dos entrevistados, 82% das mulheres e 65% dos homens afirmaram que o CAU/BR deve promover a equidade de gênero. Em resposta, o Conselho instituiu, após a divulgação do 1º Diagnóstico, a Comissão Temporária de Política para a Equidade de Gênero e deliberou por incluir na “Carta à Sociedade e aos Candidatos nas Eleições Municipais de 2020”, propostas para a promoção da igualdade entre homens e mulheres.
Os dados do 1º Diagnóstico, apesar de não surpreenderem, pois se assemelham ao retrato da desigualdade de gênero que caracteriza a sociedade brasileira, sinalizam a urgência de se efetivar políticas e ações que primem pela igualdade em todas as instâncias da Arquitetura e Urbanismo. Demonstra, ainda, que o debate sobre a inequidade de gênero extrapola os limites da profissão e precisa ser levado para outras instâncias da sociedade.
Números extraídos do SICCAU revelam que, do total dos arquitetos e arquitetas e urbanista ativos, as mulheres são maioria em todos os Estados brasileiros, sendo que em 22 deles o percentual aumentou no último ano. Do total dos entrevistados no 1º Diagnóstico, quase 80% são brancos; 13,81% pardos; 4,33% negros; 1,75% orientais e 0,21% indígenas.
O levantamento realizou um recorte racial relacionado a tipos de assédio (sexual e moral); violência sexual e discriminação de gênero no trabalho, revelando a maior inequidade de todo o diagnóstico: 59% das mulheres negras entrevistadas declararam sofrer discriminação de gênero, contra 8% dos homens brancos; 47% delas foram assediadas moralmente e 21% enfrentaram o assédio sexual, que “é qualquer ato sexual ou tentativa de obtenção de ato sexual por violência ou coerção, comentários ou investidas sexuais indesejadas”.
O perfil salarial dos entrevistados foi outro dado pesquisado, mas também nesse campo as diferenças são alarmantes. Os arquitetos brancos são maioria na faixa de mais de 13 salários mínimos, ganhando pelo menos 13 vezes mais do que as arquitetas negras. Elas ainda representam o maior contingente de desempregados, entre os entrevistados.
A relação da responsabilidade da maternidade/paternidade com o exercício profissional entre os entrevistados também foi questionada e demonstrou que mulheres negras e brancas enfrentam os maiores obstáculos para equacionar o trabalho com o cuidado dos filhos. Os dados mostram que 40% das mães são responsáveis a maior parte do tempo, principalmente pelos filhos de 0 a 4 anos. Entre os homens, 54% afirmaram que esta relação interfere muito pouco no trabalho.
Os principais objetivos do diagnóstico são subsidiar a elaboração da “Política do CAU para a Equidade de Gênero”; mensurar a lacuna de gênero atualmente existente na profissão; qualificar o debate sobre gênero na profissão; sensibilizar a sociedade e os arquitetos e urbanistas sobre a pertinência do tema e a sua afinidade com a missão do CAU e subsidiar o cumprimento do compromisso assumido pelo CAU de promover a equidade de gênero em todas as suas instâncias organizacionais e em seu relacionamento com a sociedade, entre outros.
O 1º Diagnóstico traz, ainda, dados sobre a participação de arquitetas e arquitetos em concursos públicos, premiações, oportunidades de trabalho, faixa etária, entre outros.
A Comissão Temporária de Equidade de Gênero do CAU/BR, criada em maio de 2019, encerrou seus trabalhos em abril de 2020 , e foi composta pelas conselheiras federais Nadia Somekh (SP), coordenadora; Josemée Gomes de Lima (AL) e Cristina Evelise Vieira Alexandre (PB); e pelas presidentes Daniela Pareja Garcia Sarmento (CAU/SC), coordenadora adjunta; e Gilcinéa Barbosa da Conceição (CAU/BA). A Comissão foi assessorada pela arquiteta e urbanista Ana Laterza, analista técnica, e Ana Carolina Alcantara Ayres, assistente administrativa. Seus trabalhos serão continuados pela Comissão Temporária de Política para a Equidade de Gênero, ainda a ser instalada, dará continuidade aos seus trabalhos.
Para maiores informações acesse a íntegra do 1º Diagnóstico de Gênero na Arquitetura e Urbanismo a Comissão Temporária para a Equidade Gênero
Fonte: CAU/BR