O que precisa ser transformado nas cidades brasileiras, além dos desafios que as próprias gestões municipais exigem? Com esse questionamento, o jornalista Joel Scala iniciou o programa Brasil Cidadão desta terça-feira (22/9), com a participação da presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Eleonora Mascia, do jornalista Franklin Valverde e do professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie, Valter Caldana.
O programa produzido pela equipe do Observatório do Terceiro Setor teve como tema central as ‘Cidades pós-pandemia’, visto que no próximo mês de novembro os brasileiros vão às urnas para eleger seus representantes em nível municipal em meio a maior crise sanitária da história do país. São 5.370 cidades que vão renovar seus prefeitos e vereadores num processo que pede a atenção da sociedade para o fator local. “Esse é o momento de a população prestar atenção no que acontece na sua cidade, no seu bairro, na sua rua, para que os líderes possam ser cobrados durante a sua gestão”, afirmou Valverde.
De acordo com Eleonora, o momento exige o fortalecimento de mobilizações em torno do planejamento urbano não só por arquitetos e urbanistas e profissionais da área técnica, mas, sim, por toda a população. “O plano diretor é um desses instrumentos, assim como o orçamento participativo e os conselhos das cidades. Todos são essenciais em nível municipal para que seja implantado um plano social voltado às políticas públicas e urbanas”, destacou a presidente da FNA. Eleonora lembrou, no entanto, que ações em nível municipal precisam estar amarradas a iniciativas em âmbito estadual e federal. A presidente da FNA também levou para o debate pontos da Carta Proposta, documento extraído de plenárias do CAU em parceria com as entidades que formam o Colegiado de Entidades Estaduais de Arquitetura e Urbanismo (CEAU), onde estão listados cinco macro pontos fundamentais que precisam ser focados pelos futuros (as) prefeitos (as) e vereadores (as) eleitos.
O professor Valter Caldana afirmou que a pandemia pode, tragicamente, ser uma oportunidade para acelerar transformações em curso nas cidades. Segundo ele, o Brasil possui uma grande quantidade de conhecimento e de projetos capazes de superar os elementos principais da crise urbana nas áreas de saneamento, habitação e educação. Neste sentido, os próximos gestores terão o desafio de ‘serem maestros e não solistas’ na articulação de planos para as suas cidades. “Os prefeitos precisarão segurar a vaidade e seus projetos políticos pessoais e focar no conhecimento, história carência de suas cidades, bem como nos projetos que já existem no plano local”, pontuou Caldana, lembrando que o Brasil tem um excelente histórico de planos setoriais que acabam não avançando por falta de transversalidade.
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