Nas eleições de 2020 arquitetos e urbanistas foram eleitos em todo o Brasil, número significativo para o processo de envolvimento dos profissionais da área de desenvolvimento urbano. Foi o que defendeu a presidente da FNA, Eleonora Mascia, durante a última live do 44º Encontro Nacional de Sindicatos de Arquitetos e Urbanistas (Ensa) neste sábado (5/12). Ao lado de profissionais que concorreram no pleito eleitoral deste ano e de representantes do Colegiado de Entidades de Arquitetura e Urbanismo (CEAU), a transmissão debateu os rumos que as cidades poderão ter com a presença dos arquitetos e urbanistas nos espaços de poder.

Construída ao longo do ano pelas entidades que compõem o CEAU, numa iniciativa do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), a Carta-Aberta à Sociedade e aos (às) Candidatos (as) nas Eleições Municipais de 2020 também foi assunto de destaque do evento. O documento foi construído para municiar os próximos gestores eleitos no processo de desenvolvimento de políticas públicas urbanas para as cidades nas áreas de saúde, sustentabilidade, finanças, paisagem, patrimônio, mobilidade e inclusão. “Temos de nos preparar para o que virá”, pontuou Eleonora.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (Abea), Carlos Eduardo Nunes Ferreira, destacou o papel das instituições de ensino no processo de democratização das cidades. “Queremos passar a mensagem que as instituições de ensino de todo o país estão de portas abertas naquilo que a gente faz de melhor: estudos, projetos, congressos, cursos de capacitação, afinal, as atividades de pesquisa e extensão estão na base da universidade”, afirmou. Ainda no âmbito das universidades, a diretora da Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (FeNEA), Francieli Schallenberger, reforçou a importância da participação dos estudantes na luta pela democracia. “A gente tem que andar em conjunto com a política em geral, e isso vai ter um grande ganho em médio e longo prazo”, opinou.

Refletindo sobre as candidaturas, o vice-presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), Rafael Passos, lançou as questões: “Que arquitetos são esses? O que eles representam e vão representar na sua participação política?”. Passos destacou o protagonismo dos arquitetos e urbanistas à frente das questões de planejamento urbano e defendeu a criação de assessorias técnicas desses profissionais em cada casa de vereadores existente no Brasil. “Esses arquitetos devem ter compromisso com pautas que são importantes e pesam para a categoria”, reforçou. Reiterando uma visão mais ampla, para além das cidades, a presidente da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas, Luciana Schenk, pediu para que se olhe para além dos limites municipais, dando atenção à paisagem do Brasil como um todo. “A paisagem é política. Nosso esforço foi de tornar nosso movimento político, e ele foi”, afirmou.

Candidatos reafirmam compromisso com agenda urbana

Preocupados com o avanço do neoliberalismo e a crescente supressão dos movimentos de esquerda no Brasil, Nabil Bonduki, Rayssa Cortez e Tainá de Paula destacaram a importância da representatividade no pleito de 2020 e o grande trabalho que virá pela frente para transformar as pautas urbanas em mais sociais e democráticas.

Integrando a candidatura do Coletivo + Direito à Cidade, de São Paulo (SP), Nabil e Rayssa destacaram a diversidade de raça, idade e gênero do conjunto de arquitetos e urbanistas que integraram o coletivo. “Faço uma chamada para a gente fortalecer as entidades e participar dos sindicatos. A gente precisa se reorganizar pra qualificar o debate público e não deixar a função política da arquiteto e urbanista acabar sobreposta”, afirmou Rayssa. Afirmando ter ficado chateado com o resultado das eleições, que resultou em derrota à sua candidatura, Nabil contou que sentia que esse seria o momento de discutir de forma transversal os problemas da cidade. “Nós não podemos estar ausentes desses debates. Estamos num país vendo suas políticas publicas sendo desmontadas de cabo a rabo”, denunciou.

Vereadora eleita pela cidade do Rio de Janeiro (RJ), a arquiteta e urbanista Tainá de Paula defendeu a construção de agenda comprometida com as questões urbanas. “É preciso debater as nossas pautas centrais e compor uma frente urbanística. Uma frente parlamentar pró-cidade”, sugeriu, destacando que, acima de tudo, é importante travar o avanço negacionista que impera no país, encabeçada pelo governo de Jair Bolsonaro. “Cabe aos arquitetos a construção de mundos possíveis”, afirmou.

O Ensa é uma promoção da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas conta apoio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR). Confira a live completa pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=9WwkNsUnMZ0

Confira o que rolou no chat:

Sérgio Ribeiro
A esquerda precisa se reinventar!!!! O discurso que não encontra mais eco no dia-a-dia da população. O processo de reconstrução da esquerda precisa acontecer. Em 2018 a vitória da direita passou pela intransigência da esquerda em não criar novas lideranças, e saber que cidades são dinâmicas.

Terezinha Oliveira Gonzaga
O capitalismo se nutre as diversas discriminações e opressões, sobre nossos corpos, para garantir a exploração.
Só lembrando que a primeira opressão de classe anterior ao capitalismo, é sobre os corpos femininos, para garantia da herança pós conceito de propriedade privada.