Em todo o Brasil, 109 mil profissionais de Arquitetura e Urbanismo participaram do processo eleitoral para a escolha dos 28 conselheiros do CAU/BR e dos 382 conselheiros do CAU/UF, e assumirão mandato de três anos a partir de 15 de dezembro deste ano. O processo  no CAU foi tema de mesa na manhã de sábado (5/12) durante o 44° Encontro Nacional de Sindicatos de Arquitetos e Urbanistas (ENSA), evento com mediação do vice-presidente da Federação Nacional de Arquitetos e Urbanistas (FNA), Ormy Hütner Jr e participação dos conselheiros Nádia Somekh (CAU-SP), Daniela Sarmento (CAU-SC), Gilcinéa Barbosa (CAU-BA), Eduardo Fajardo (CAU-MG) e Valter Caldana (IES). Para Ormy, o debate se fez necessário especialmente diante do cenário de incertezas no país e no exercício da profissão do arquiteto e urbanista. “Precisamos debater sobre os rumos do Conselho em 2021, levando em consideração a pandemia, a atuação profissional e a participação das entidades no CEAU”, afirmou.

Ao apresentar sua avaliação sobre o pleito transcorrido, a conselheira de São Paulo Nadia Somekh destacou o aumento da participação de profissionais do processo eleitoral deste ano, passando de um universo de 30% da categoria da eleição anterior para uma adesão de 50% dos profissionais na votação de 2020 “Isso reflete uma conexão maior do arquiteto com o conselho e também é uma marca da atual gestão do CAU. Vimos profissionais querendo participar das eleições”, pontuou. Outro aspecto positivo levantado por ela foi o aumento de conselheiras mulheres eleitas, o que, segundo ela, mostra um avanço da questão de gênero entre a categoria. Essa expansão foi endossada por Gilcinéa Barbosa, conselheira federal pela Bahia. No entanto, apesar do aumento, ainda percebe que muitos ainda desconhecem porquê de participar do conselho. “Na análise que fizemos das chapas, sete estados brasileiros apresentaram chapa única, enquanto estados com menos arquitetos aptos a votação concorrerem com três chapas cada”, comparou Gilcinéa.

Persiste, na sua opinião de Nadia, a confusão sobre o papel de cada entidade de arquiteto e urbanista e as reais atribuições do CAU, autarquia federal criada em 2010. ‘O momento pede coesão e isso precisa estar aliado a uma clareza das atribuições de cada entidade. Precisamos de complementaridade’, afirmou.  A conselheira por SP destacou ainda que a categoria precisa deixar um legado para a sociedade ao mostrar a importância do ofício do arquiteto e urbanista, ao mesmo tempo em que se faz necessário um resgate do prestígio social da profissão. “Mas isso exige um CAU cada vez mais social e entidades voltadas para essa mesma perspectiva.”

Valter Caldana, eleito conselheiro do CAU-BR como representante das Instituições de Ensino Superior (IES), reiterou que o papel do conselho é organizar os interesses difusos e coletivos da sociedade com relação à prática profissional. “Mas essa organização demanda uma expressiva construção da identidade social do nosso conselho”. Segundo Caldana, o CAU precisa definir politicamente o seu papel especialmente em um triênio desafiador para a sociedade brasileira. “Não podemos vacilar, pois pode comprometer o futuro da nossa profissão no médio e longo prazo, inclusive no ambiente da regulamentação”, afirmou. A conselheira por SC, Daniela Sarmento, complementou que é preciso também restabelecer a cultura da confiança com a sociedade, a partir de uma ação mais empática para dar conta dos desafios que virão. “O futuro de incertezas obriga à revisão dessa identidade.” Já o representante de Minas Gerais, Eduardo Fajardo, opinou que o processo eleitoral não teve confronto e debates, algo que sentiu falta nesse pleito. Além disso, destacou que o regimento foi pouco debatido entre as entidades do CEAU.  Em relação ao colegiado, o presidente do CAU-BR que está deixando a gestão, Luciano Guimarães, disse que o CEAU precisa ter representatividade em cada um dos estados brasileiros, a fim de construir, em conjunto com o CAU, melhorias nas condições da profissão e no atendimento à sociedade.