Passado, presente e futuro de muitas lutas que se mesclam e se modificam ao longo dos anos, refletindo momentos políticos e econômicos do Brasil nas últimas cinco décadas. É mantendo uma atuação combativa, reflexiva e conjunta com entidades, comunidades e profissionais que o Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Estado da Bahia (SINARQ-BA) chega ao seu cinquentenário em 2021.

Com a Carta Sindical assinada em 27 de dezembro de 1971, teve a primeira eleição realizada durante Assembleia Geral Extraordinária no dia 5 de março de 1972. Desde a sua fundação, o Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Estado da Bahia teve como principais pautas a defesa do salário-mínimo profissional e a organização dos profissionais arquitetos em parceria com os sindicatos majoritários, estabelecendo Acordos Coletivos para a categoria. Ao longo dessas cinco décadas, mantém o posicionamento de trabalhar sempre em favor da democracia como entidade sindical comprometida com a sociedade brasileira.

Esse comprometimento se estende aos dias de hoje, com foco em ações que garantam o direito à cidade a todos. Uma dessas pautas bem atuais está na atuação permanente do SINARQ-BA em comunidades ameaçadas pelas gestões públicas em processos de privatização, caso da comunidade de Tororó, em Salvador, ameaçada por pedido de reintegração de posse pela prefeitura, que alega interesse público na área: a construção de um shopping previsto em consórcio firmado com a iniciativa privada na área da Estação da Lapa. De acordo com a diretora do SINARQ-BA, Paula Moreira, são mais de 500 famílias em situação de risco, e o sindicato, em atuação com outras entidades, divulgou nota técnica contrária à reintegração de posse.

“Aderimos à campanha Tororó Resiste, temos um grande envolvimento com a causa urbana, participamos de reuniões, fomos à ouvidoria, conversamos diretamente com a comunidade. Esse é um engajamento importante do sindicato na questão do direito à cidade’, pontua Paula. A região da Tororó é compreendida pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (Lei Municipal nº 9.069/2016) como Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) e, por isso, o sindicato entende que a reintegração de posse fere o direito constitucional à moradia e ignora diversos investimentos e melhorias realizados ao longo dos anos pelas famílias que moram no local. “Por meio desta nota, as entidades reafirmaram seu compromisso em contribuir com a defesa dos interesses públicos e sociais”, destacou a presidente do SINARQ-BA, Bianka Rocha.

Além da atuação in loco e permanente, o SINARQ-BA atualmente vem trabalhando para dar visibilidade a demandas de outras áreas em situação vulnerável, como a comunidade quilombola Quingoma, de Salvador, cuja história foi retratada em curta-metragem inscrito pelo sindicato no projeto ArquiCine/Câmera Causa, iniciativa da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) e Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (FeNEA). “Estamos trabalhando com bastante ênfase a questão do direto à cidade dentro de um debate mais político no sindicato”, reforçou Paula. Segundo ela, primeiramente a proposta é dar visibilidade ao problema, para que, posteriormente, articulações e forças se somem na garantia dos direitos dessas famílias.

No ano de seu cinquentenário, o SINARQ-BA também está engajado na pauta da valorização profissional, tema que vem sendo tratado em encontros com o CAU-BA. Essa é uma luta que precisa ser feita especialmente junto ao público jovem que está saindo das universidades. ‘Estamos no início desse processo de discussão de um programa de valorização do arquiteto enquanto profissional. Hoje, quando deixam a faculdade, a maioria não sabe para que serve o Sindicato, o CAU ou o IAB e tem grande chance de arrumar um trabalho que seja fonte de exploração”, afirmou Paula, salientando a importância do sindicato nessa discussão com viés político. Em outras palavras, é de extrema importância vincular o debate político e estar próximo ao sindicato para dar início a mudanças. “A politização e a sindicalização são ferramentas para dar força à luta da categoria e sair em defesa das cidades”, afirma a diretora do SINARQ-BA. O sindicato tem forte participação também nas discussões que envolvem o tema junto ao BrCidades, à FNA e aos conselhos de desenvolvimento urbano do Estado e de Salvador.

O ano de 2021 também marca a estreia de ações importantes na Bahia. Em janeiro foi lançado o projeto “Arquitetxs Artistas”, com a proposta de trazer mensalmente um profissional da arquitetura e urbanismo que atue, também, em outros campos da arte, música, pintura e da cultura. Todo dia 25 do mês um novo convidado traz ao site da entidade um pouco sobre sua trajetória e um breve resumo a respeito das suas produções culturais. “Queremos integrar nossa categoria e mostrar que o sindicato é um espaço de compartilhamento e de aglutinação, não só do nosso dia a dia profissional, mas de todas as nossas diferentes atuações”, destaca Paula Moreira. Outra iniciativa, o ‘Mulheres Arquitetas’ vai iniciar no mês de julho e prevê a participação de profissionais de todo o Estado para falar sobre sua trajetória profissional. O projeto vai culminar no mês das mulheres, em 2022, quando o sindicato pretende realizar evento com todas as participantes para fechar o ciclo de apresentação das profissionais.

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