Os atos em defesa da democracia e pelo impeachment do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), reuniram milhares de pessoas em mais de 94 cidades brasileiras, incluindo todas as 27 capitais no sábado (02/10). A Federação Nacional dos Arquitetos (FNA), bem como suas entidades filiadas, também marcou presença nos protestos, que reuniram dezenas de organizações da sociedade civil e apresentaram, além da pauta principal, críticas à alta da inflação, a volta e a ampliação da miséria e da fome, e a projetos e ações que visam à destruição do serviço público e políticas sociais. Os protestos também criticaram a condução dada pelo governo federal às políticas de combate à Covid-19, que já vitimou quase 600 mil brasileiros e é objeto de investigações de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado.
De acordo com Danilo Matoso, secretário de Organização e Formação Sindical da FNA, a derrubada de direitos dos trabalhadores e o desmonte do Estado atinge também a classe dos arquitetos. “Como todos os trabalhadores, nós arquitetos somos especialmente afetados pela ampliação dos processos de precarização do trabalho e pela redução do direito à aposentadoria. Os arquitetos do serviço público agora enfrentam uma reforma administrativa que visa acabar com a estabilidade do funcionalismo. A categoria como um todo, também acabou de sofrer uma tentativa, por parlamentares da base governista, de extinção do piso salarial profissional. Por isso estamos indo às ruas com a palavra de ordem de nosso Encontro Nacional de Sindicatos de Arquitetos e Urbanistas: ‘Arquitetura é trabalho. Piso salarial é direito’”, pontua.
Evandro Medeiros, presidente do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Estado do Rio Grande do Sul (Saergs), filiado à FNA, também representou sua entidade na manifestação de sábado e acredita que a importância das manifestações que vem ocorrendo ao longo do ano, mais do que ser contra o atual governo, está no reencontro de antigas forças aliadas, que se desencontraram nos últimos anos. “Movimento sociais, sindicatos, funcionários públicos e a classe artística devem andar juntos e, por suas forças e necessidades, seus princípios e suas bases, exercerem seus protagonismos políticos”, analisa. Para Medeiros, “em um país com tantas desigualdades como o Brasil, qualquer sinônimo de justiça começa pelo respeito às humanidades de seu povo”.
Outra manifestação nacional está marcada para o dia 15 de novembro, data da Proclamação da República, com o objetivo de aumentar o número de participantes e de organizações aderindo aos movimentos pelo impeachment de Jair Bolsonaro.
Fotos: Eleonora Mascia