“O movimento sindical precisa reaprender a andar”. Foi assim que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu as discussões da 16º Plenária Nacional da CUT Brasil, que se iniciou na noite desta quarta-feira (20/10) em formato virtual. Os desafios impostos pelas mudanças tecnológicas no mercado de trabalho e a crise econômica enfrentada pelo país nos últimos anos trouxeram fortes impactos ao trabalho do sindicalismo, que vê cada dia mais trabalhadores informais em atuação e uma maior dificuldade de se aproximar. O encontro, que reuniu dirigentes de inúmeras entidades sindicais ao redor do país, contou também com a participação da presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), Eleonora Mascia, e do Secretário Nacional de Política Sindical da Confederação dos Trabalhadores Técnicos e Universitários (CONFETU), da qual a FNA é filiada, Clóvis Nascimento.
Lula destacou, ainda, que o modelo sindical que se conhece hoje está ultrapassado. “A CUT cresceu no local de trabalho de inúmeras indústrias e empresas, mas, com o avanço tecnológico, o home office e o trabalho por aplicativo, têm sido cada vez mais difícil atingir o trabalhador e conversar com as pessoas”, destaca. O objetivo da 16º Plenária é, justamente, debater as transformações de mercado e propor uma reorganização sindical. O presidente da Central Única de Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, destacou ainda que a entidade tem investido esforços para mudar o comportamento e a atuação dos sindicatos. “Precisamos mudar e atualizar os nossos modelos. A CUT sempre foi percursora para indicar caminhos e soluções e é o que estamos querendo fazer aqui hoje”.
A discussão ainda trouxe temas como a crise da pandemia da covid-19, as altas taxas de desemprego e a necessidade de um fortalecimento político do país. “O Brasil virou um local de desemprego e de fome. As pessoas estão cada dia mais descrentes da política e da força que a união popular pode ter. Precisamos recuperar a confiança e mostrar que é possível termos um outro país”, destaca Lula. O presidente ainda salientou que o Estado pode e deve garantir a comida na mesa da população, o incentivo à criação de empregos e o suporte que o povo precisa.
O evento, que segue até 24 de outubro, ainda reuniu a secretária-geral da CUT, Carmen Foro, o secretário-geral da Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), Rafael Freire, a secretária-geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), Sharan Burrow e mais de 950 delegados sindicais. É possível acompanhar toda a programação pelo canal do YouTube da CUT.